AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 16 de maio de 2013

A IRRESPONSABILIDADE DELIRANTE, mas "a culpa não foi minha, eu nem estava lá"

Lê-se no Público que "na Alemanha, as equipas da Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) também são acusadas de impor receitas erradas aos países sob programa de ajuda externa". Pode ainda ler-se que a "irritação de Berlim dirige-se sobretudo contra a Comissão Europeia, incluindo o seu presidente, Durão Barroso, o que não deixa de ser paradoxal quando muitas das exigências de austeridade aplicadas aos países sob programa de ajuda são implicitamente apresentadas em Bruxelas como resultantes de exigências alemãs".
O mundo está completamente louco, afinal, dizem, todos estão contra a "austeridade".  Já ouvimos Bruxelas e o Banco Central Europeu criticarem o excesso de austeridade e criticar a inflexibilidade e hegemonia alemã, já ouvimos o FMI criticar as políticas centradas na austeridade. Só faltava mesmo ouvir os responsáveis de Berlim criticarem a austeridade e demarcarem-se das respectivas políticas.
Este conjunto de discursos absolutamente delirante parece então indiciar que o tsunami devastador das políticas de austeridade que se abateu sobre milhões e milhões de famílias dos países periféricos aconteceu por geração espontânea ou por escolha e responsabilidade de natureza masoquista das próprias pessoas. Não existem responsáveis, apenas vítimas.
É o despudor completo.
O projecto europeu é um cadáver em decomposição que no seu desmoronamento atropela a vida e a dignidade de muitos milhões de pessoas.

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