Hoje, na prosaica tarefa de umas
compras cá para casa, ouvi um miúdo que estava com a mãe na fila para a caixa do
supermercado dizer-lhe que já sabia ler muitas coisas. O gaiato, que me pareceu estar no primeiro ano da escolaridade, dizia isso com aquele ar
que os miúdos compõem quando falam dos seus enormes feitos.
Na verdade, acho mesmo que é
sempre um enorme feito, uma enorme conquista, o entendimento das letras. Fico
sempre encantado com este mistério, com esta magia de aceder ao mundo da
leitura e ao infinito a que os, nos, leva.
É verdade que o Mestre João dos
Santos costumava dizer que nós lemos desde que abrimos os olhos, mas ler e
escrever as letras é um dos grandes passos que damos na vida e, felizmente, quase
todos o damos, mesmo muitos miúdos em que, por vezes, não se acredita que o
possam dar.
Estava lembrar-me, já não é a
primeira vez que o faço neste espaço, de uma quadra do cancioneiro lá do Meu Alentejo
que assim reza:
É tão triste não saber ler,
como é triste não ter pão.
Quem não conhece uma letra,
vive numa escuridão.
O miúdo que eu hoje ouvi já tinha
uma lanterna para caminhar e melhor ver o caminho e evitar os tropeços. Boa
viagem.
Bonito texto. Gostei de ler. Também costumo dizer que me parece um milagre...é por isso que sempre tive muita admiração pelos professores do 1º ciclo que conseguem ensinar a ler os meninos que ficam curiosos e com gosto para juntar as letras, decifrar as palavras...e entender melhor o mundo.
ResponderEliminar(não disse nada de novo, mas revi-me mesmo no texto!)
Abraço