No âmbito da revisão do Código de Estrada, o Governo pretende introduzir a aplicação de multas pesadas, supõe-se que aos adultos responsáveis, quando crianças com menos de sete anos andem de bicicleta sem capacete.
As iniciativas protectoras da segurança dos
miúdos são, por princípio, positivas embora me pareça, como sempre, necessário
usar de algum bom senso e evitar excessos de zelo que também não são positivos,
embora em matéria de segurança infantil o excesso seja melhor que o defeito.
Esta referência à segurança no uso da bicicleta
por parte dos mais novos, algo de estimular, somos dos países europeus em que,
apesar do nosso clima, as crianças menos desenvolvem actividades de ar livre e
revelam menor índice de envolvimento em actividades físicas, é interessante e
oportuna, mas gostava de reforçar o facto de continuarmos a ser um dos países
da Europa com taxa mais alta de acidentes domésticos envolvendo crianças, de
que as quedas de janelas ou varandas, os afogamentos e o contacto com materiais
perigosos não devidamente acondicionados são exemplos.
O que me parece importante registar é que num
tempo em que os discursos e as práticas sobre a protecção da criança estão
sempre presentes, é, como se vê, recorrente a referência aos perigos dos
brinquedos, também se verifica um número altíssimo de acidentes o que parece
paradoxal. Por um lado, protegemos as crianças de forma que, do meu ponto de
vista, me parece excessiva face às suas necessidades de autonomia e
desenvolvimento e, por outro lado e em muitas circunstâncias, adoptamos
atitudes e comportamentos altamente negligentes e facilitadoras de acidentes
que, frequentemente, têm consequências trágicas.
E não vale a pena pensar que só acontece aos
outros.
"Por um lado, protegemos as crianças de forma que, do meu ponto de vista, me parece excessiva face às suas necessidades de autonomia e desenvolvimento e, por outro lado e em muitas circunstâncias, adoptamos atitudes e comportamentos altamente negligentes e facilitadoras de acidentes que, frequentemente, têm consequências trágicas."
ResponderEliminarConcordo a 100%. Grand'abraço