AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A INACEITÁVEL DESCONFIANÇA DO BANCO DE PORTUGAL

Numa altura em que tudo parece funcionar mal e a nossa paciência anda nos limites, tornamo-nos mais reactivos quando assistimos a formas completamente inaceitáveis de tratamento dos cidadãos.
O Sr. Dr. Ricardo Salgado ter-se-á esquecido de referir na sua declaração de impostos uns irrelevantes 8,5 milhões de euros relativos a umas poupanças aplicadas no estrangeiro.
Senhor de boas contas e responsável como qualquer cidadão o Sr. Dr. Ricardo Salgado procedeu a três rectificações dos rendimentos junto da administração fiscal. Estas rectificações tornaram-se possíveis ao abrigo de um programa extraordinário de regularização tributária, justamente, estabelecido para ajudar cidadãos esquecidos a regularizar os seus esquecimentos. Nesta conformidade, o Sr. Ricardo Salgado não cometeu qualquer tipo de ilícito.
Neste contexto, não se entende e creio mesmo que é profundamente desagradável a notícia vinda a público de que o Banco de Portugal tem vindo a pedir esclarecimentos ao Sr. Dr. Ricardo Salgado sobre o seu esquecimento e posterior pagamento de impostos relativos a essa irrelevância de que qualquer pessoa se pode esquecer, 8,5 milhões de euros, ainda por cima, decorrentes de umas poupanças aplicadas que nem sequer estavam aqui à mão, num banco em Portugal ou debaixo do colchão, estavam lá para a Suíça, provavelmente junto das poupanças do sobrinho do Dr. Isaltino.
Ao que parece, o Banco de Portugal quer certificar-se da "idoneidade" do Sr. Dr. Ricardo Salgado. Que dúvida existirá? O Sr. Dr. esqueceu-se, é humano, pagou, dizem, o que tinha a pagar, continua tão idóneo quanto antes de se esquecer. Quem nunca se esqueceu de qualquer coisa que atire a primeira pedra, incluindo o Banco de Portugal que se foi "esquecendo" de realizar uma supervisão eficaz às actividades do BPN, mas isso é uma outra história.
Assim, com práticas desta natureza, um cidadão cumpridor e que apenas teve uma pequeníssima falha de memória, surge aos olhos da opinião pública como alguém que pode ter realizado algo de menos aceitável e comprometer a imagem de seriedade e honestidade a que um cidadão tem direito.
Aconselho vivamente o Sr. Dr. Ricardo Salgado a expressar publicamente o seu protesto ou mesmo a processar o Banco de Portugal por potenciais e irreparáveis danos à sua imagem.
Já parece uma campanha concertada contra os banqueiros. Primeiro, muita gente criticou o Sr. Dr. Fernando Ulrich pelo seu excelente, inspirador e didáctico exemplo sobre a resistência dos "sem abrigo" às privações, agora até o Banco de Portugal questiona a idoneidade do Sr. Dr. Ricardo Salgado com base num pormenor sem qualquer relevância. É demais.

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