Era uma vez um Homem. Tratava-se de uma pessoa para
além dos cinquenta anos, tinha a vida que quis construir, dentro do que podia
construir, tinha uma mulher com quem, costumava dizer, ainda namorava, tinha os
filhos já orientados, algo que deixa qualquer pai tranquilo, tinha um trabalho
de que gostava, tinha-o aprendido com o pai, tinha um pequeno mas sólido grupo
de amigos, enfim, o Homem estava feliz com a estrada que tinha andado e
confiante na estrada que tinha para andar.
A certa altura, começou a ouvir que a empresa não
estava muito bem e que poderiam surgir alguns problemas. Como todos os
companheiros ficou preocupado mas também acreditava que a sua história o
ajudaria a ficar protegido desses problemas.
Um dia, foi chamado e um jovem desconhecido, bem
falante, apresentou-se como elemento de uma consultora que estava proceder à
reestruturação da empresa, com a mesma frieza com que o cumprimentou, disse-lhe
que a empresa iria prescindir dos seus serviços com base, sobretudo, na idade.
De facto, o Homem ficou a saber que a sua idade o impediria de se “reciclar”,
de se “readaptar funcionalmente”, de se envolver em “processos de
modernização”, ou seja, tinha terminado o seu prazo de validade.
O Homem saiu e, contrariamente ao que era
habitual, não foi logo para casa. Passeou um pouco ao acaso e com uma frase a
martelar constantemente na sua cabeça “não me podiam roubá-la, não me podiam
roubá-la, não me podiam roubá-la.
Quando entrou em casa, sentou-se no seu canto do
sofá e nunca mais se levantou. Era a dignidade que mantinha o Homem de pé,
roubaram-lha.
Tribunal Brasileiro penhora 5 balcões da ANA, a sede das ÁguasPortugal; todos os aviões da Tap (- 1) para pagamento de divida do final do ano ao HOTEL COPACABANA PALACE de 3 ilustres tortugas, nos quais se inclui o ministro creditado dr.relvas.
ResponderEliminarCaro Zé Morgado
ResponderEliminarAproveito para o felicitar pelo excelente blogue. Passo por aqui todos os dias.Os seus textos revelam sensibilidade e preocupação por quem sofre, de uma forma ou de outra, o desmoronamento de uma vida, muitas vezes construída com suor e lágrimas. Emociono-me com as suas reflexões e, como a palavra pode ser uma arma, não deixe de escrever.
Abraço
Maria
Obrigado Maria
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