A imprensa divulga hoje alguns dados de três
estudos comparativos internacionais sobre a competência escolar dos alunos de
4º ano de escolaridade, de 2011, em Matemática, Ciências e Português realizados
pela International Association for the Evaluation of Education Achievement
envolvendo 50 países. No Trends International Mathematics and Science Study,
Portugal ocupou o 15º lugar a Matemática e o 19º a Ciências. No Progress in
International Reading Literacy Study ficámos no 19º posto.
Dos dados releva ainda que mais de metade dos
alunos portugueses se situa no nível intermédio, o segundo mais baixo de
quatro. Regista-se que, face a 1995 última avaliação em Portugal do TIMSS, os alunos portugueses progrediram
sendo que o MEC sustenta o progresso com a exigência da sociedade civil, a
avaliação continuada através das provas de aferição e dos exames, sempre os
exames como poção mágica para a qualidade.
É importante, naturalmente, registar os
progressos dos resultados obtidos pelos alunos portugueses embora o próprio
MEC reconheça que estão longe de ser satisfatórios.
Como muitas vezes tenho afirmado e considerando
não só os resultados ao 4º ano, creio que se nos estudos fossem considerados
outros anos de escolaridade os resultados talvez fossem menos simpáticos, O
progresso consistente dos nossos alunos assentará, do ponto de vista do trabalho
educativo, em dois eixos fundamentais, ajustamento sério nos conteúdos
curriculares e na existência dispositivos de apoio a dificuldades de alunos professores que
sejam suficientes, qualificados e precoces, ou seja, desencadeados tão cedo
quanto possível e decorrentes de avaliações cuidadas e competentes.
Acontece que, do meu ponto de vista, a evolução
recente da PEC – Política Educativa em Curso não parece orientada neste sentido
embora, como sempre no discurso político, a retórica seja produzida no sentido
certo.
As mudanças curriculares, apesar de alguns
aspectos positivos não tocaram em alguns aspectos essenciais, organização e
extensão dos conteúdos, e a introdução das metas de aprendizagem da forma que
foram desenhadas e como serão operacionalizadas, levantam sérias dúvidas sobre
a sua eficácia como alguns estudos começam a evidenciar.
Por outro lado, o aumento de alunos por turma que
na maioria das escolas, dado o agrupamento a que foram submetidas, atingirá a
lotação máxima, a inexistência de recursos suficientes e qualificados ao nível
de docentes e técnicos também não parecem contribuir para a instalação de
dispositivos de apoio eficazes e promotores de sucesso.
Pode no entanto acontecer que, avançando o
sistema dual de ensino nos termos em que o MEC tem vindo a referir, introdução
precoce e tendo como destinatários privilegiados os alunos em dificuldades, que
estes deixem estar envolvidos na avaliação externa no âmbito dos estudos
internacionais e, portanto, a estatísticas de sucesso comecem a ser mais
simpáticas.
Na verdade, apesar de alguns aspectos positivos
hoje conhecidos, gostava de me sentir mais confiante no futuro próximo no que
respeita ao sucesso do trabalho de alunos e professores.
Quanto Nuno Crato era comentador de TV insinuou que a amostra do PISA 2009 foi manipulada e exigiu a divulgação da lista de escolas.
ResponderEliminarA minha dúvida é simples: será que a amostra do TIMMS e do PIRLS também foi manipulada?
Não deveria Nuno Crato por uma questão de coerência e honestidade intelectual divulgar a lista de escolas onde estes estudos tiveram lugar?
Essa é apenas uma das questões
ResponderEliminarProfessor,
ResponderEliminarAinda não tive acesso ao estudo e não creio que o artigo do público satisfaça.
Todavia, são de facto dados interessantes uma vez que nos afastam, pela primeira vez, desde que me lembro, dos piores resultados a que estamos sempre associados.
Poderá este ser um estudo animador para todos os que remam diáriamente contra o abandono precoce, o fraco envolvimento dos pais e todos os outros constrangimentos?
Já agora, teve acesso ao documento do estudo? Sabe onde chegar até a ele?
Um abraço e saudades das suas aulas.