AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 2 de dezembro de 2012

AO DEUS DARÁ

No Público encontra-se um trabalho interessante sobre a hipótese de que os tempos difíceis que atravessamos possam promover uma aproximação das pessoas aos cultos religiosos. Alguns especialistas referidos no trabalho sugerem prudência nessa análise, embora não contestem a possibilidade desse movimento.
A leitura recordou-me que nos meus tempos de miúdo escutava com alguma frequência uma frase que actualmente, de quando em vez, me vem à memória. Estou a referir-me à expressão “ao Deus dará”. Embora não constituíssemos uma família de fortes convicções religiosas, esta expressão era empregue lá em casa quando alguém, por qualquer razão, ficava em situação vulnerável ou fragilizada, entregue a si mesmo, sem ninguém por perto que pudesse ajudar ou apoiar.
Hoje em dia e com origem em múltiplas razões, por exemplo, económicas, sociais e culturais, mudanças nos sistemas de valores, circunstâncias pessoais, etc., parece que cada vez mais gente anda por aí “ao Deus dará”.
A questão que mais me preocupa é que, sem querer ferir eventuais sensibilidades, não acredito que “Deus dê”. Por isso, ou assumimos de vez a importância de conjugar desenvolvimento económico com políticas sociais, a importância de conjugar prosperidade e realização individual com a retoma de valores de solidariedade e entreajuda comunitária, a importância de conjugar globalização com pessoas, ou corremos o sério risco de cada vez mais gente andar “ao Deus dará” sem esperança, sem sonho, sem vida.

2 comentários:

  1. Reflexão simples, mas muito interessante!
    Oxalá "os tempos difíceis que atravessamos possam promover uma aproximação das pessoas aos cultos religiosos", sobretudo no que a determinadas máximas diz respeito, das quais saliento uma que a minha avó usava muito e que não me canso de relembrar, como uma espécie de sinédoque para esperança: "Deus escreve direito por linhas tortas".
    Espero que não leve a mal, mas relacionei a sua reflexão, que aplaudi, com um post de Paulo Prudêncio e partilhei-a no Correntes.

    http://correntes.blogs.sapo.pt/1588188.html

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  2. Olá Ana, em situação de crise a aproximação a convicções religiosas pode ser um despertar dos "pensamentos mágicos" em nós adormecidos desde miúdos. Tudo bem com a partilha, eu é que agradeço

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