Dados finais dos Censos 2011 confirmam as
expectativas e dados já conhecidos. Considerando os indicadores de 2001, a
população portuguesa aumentou 2 % sobretudo devido aos imigrantes e não à
recuperação da natalidade, a população jovem baixou de 16 para 15 % e a população
sénior aumentou de 16 para 19 %, diminuindo, naturalmente, a relação entre o
número de indivíduos em idade activa e os velhos, algo de inquietante em várias
dimensões. Vejamos uma delas.
Acresce que também segundo dados dos Censos 2011,
cerca de 400 000 velhos vivem sós, mais 29% que há dez anos. Em termos mais
globais, 1,2 milhões de idosos vivem sós ou com outros velhos.
Em muitas circunstâncias, as famílias, seja pelos
valores, seja pelas suas próprias dificuldades e estilos de vida, não se
constituem como um porto de abrigo, sendo parte significativa do problema e não
da solução produzindo cada vez mais situações de solidão e isolamento entre os
velhos, com consequências que têm feito manchetes, muitos velhos morrem de
sozinhismo, de solidão. Estão em extinção as relações de vizinhança e a
vivência comunitária, fontes privilegiadas de protecção dos mais velhos.
É certo que existe, felizmente, um pequeno número
de idosos que além do apoio familiar, ainda possuem meios que lhes permitem
aceder a bens e equipamentos que contribuem para uma desejável e merecida
qualidade de vida no fim da sua estrada.
Uma hipótese de lidar com esta questão cada vez
mais presente na medida em que assistimos ao envelhecimento e ao prolongamento
da esperança de vida poderia ser, defendo-o frequentemente, a
institucionalização do Direito aos Avós. Isto quer simplesmente dizer que todos
os miúdos deveriam, obrigatoriamente, ter avós e que todos os velhos deveriam
ter netos.
Num tempo em que milhares de miúdos estão sós e
muitos velhos vão morrendo devagar de sozinhismo, qualquer partido
verdadeiramente interessado nas pessoas, sentir-se ia obrigado a inscrever tal
medida no seu programa ou, porque não, inscrevê-la nos direitos fundamentais.
Com tantas crianças abandonadas dentro de casa,
institucionalizadas, mergulhadas na escola tempos infindos ou escondidas em
ecrãs, ao mesmo tempo que os velhos estão emprateleirados em lares ou também
abandonados em casa, isolados de tal forma que morrem sem que ninguém se dê
conta, trata-se apenas de os juntar, seria uma espécie de dois em um. Creio que
os benefícios para miúdos e velhos seriam extraordinários e alguns bons
exemplos mostram isso mesmo.
Um avô ou uma avó, de preferência os dois, são
bens de primeira necessidade para qualquer miúdo.
É triste, os portugueses estão a ser substituídos, o nossos antepassados que deram avida por este solo, até dão voltas nos seus nobres túmulos.
ResponderEliminarDaqui a 40 anos os portugueses nativos vão desaparecer. Obrigado abrileiros
Achei interessante o seu texto. partilhei no face book.
ResponderEliminarObrigado
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