Tal como noutras áreas, o actual paradigma
de gestão política continua em alta, o "corte". Em qualquer área ou
sector a decisão é cortar, vai-se vendo o quê, ao sabor da troika.
Hoje a imprensa noticia o
resultado do estudo de um grupo de peritos que propõe mais uma onda de cortes,
desta vez o encerramento de serviços de urgência hospitalar, nada menos que
doze.
Não tenho grandes dúvidas que,
tal como na educação, área que conheço melhor, importa racionalizar recursos,
porventura reorganizar a rede de serviços. Esta necessária racionalização não pode, não deve, de forma
alguma, comprometer a qualidade da prestação dos serviços e a protecção da qualidade
vida dos cidadãos que, com os seus impostos, sustentam esses mesmos serviços e
desejam que não exista desperdício mas que o atendimento seja eficaz.
Numa perspectiva de defesa da transparência
e bondade das propostas, seria útil que se conhecessem os peritos e as suas
ligações institucionais. É sabido como em Portugal a promiscuidade e o tráfico
de influências entre a esfera pública e a privada, entre os decisores políticos
e o mundo dos negócios privados é algo de estrutural. Relembro, está ainda
presente, o alerta ontem lançado por Paulo Morais, da Transparência e
Integridade - Associação Cívica, sobre os bastidores dos negócios de
privatização da EDP e da REN que, aliás, estão em investigação.
Os lóbis existentes nos negócios da saúde são
demasiado importantes para que não se justifique a exigência de que as
propostas dos peritos não sirvam outra agenda que não uma boa gestão dos
recursos e equipamentos de modo a assegurar um SNS sustentável e com qualidade.
Neste contexto é útil conhecer os peritos e a sua filiação institucional.
Não podemos esquecer que estamos
já assistir a uma escalada dos tempos de espera por consultas e cirurgias, à
existência progressiva de cidadãos que não compram medicamentos ou recorrem aos
serviços de saúde por dificuldades económicas como vários especialistas e
organizações têm alertado.
E que tal ler o relatório? Está no Portal da Saúde ou no site do Ministério da Saúde. O nome dos peritos e as suas filiações (acho que trabalham todos no SNS...) está lá bem chapada.
ResponderEliminarMuito obrigado pela informação, escrevi a partir da notícia da imprensa
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