Confirmou-se, a deliberação do Conselho
Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre o caso
do Público e do Ministro Miguel Relvas, considera que o Ministro produziu uma "pressão
inaceitável" sobre o jornal embora esta pressão inaceitável não possa ser
considerada "ilícita". A conclusão é pois, uma conclusão, assim,
do tipo nada, tão a ver. A votação da deliberação retratou a agenda de interesses partidários e não se percebe, ou percebe-se, depende do ponto de vista, a "posição confortável" que Carlos Magno, presidente da ERC, afirma sentir com a decisão, provavelmente tanto quanto desconfortável muita gente se sentirá.
Evidentemente que esta espécie de deliberação, antecipando que
em termos políticos a consequência é nenhuma, constituirá apenas mais um dos
muitos casos que em Portugal ocorrem mostrando uma relação muito ambígua, por assim
dizer simpaticamente, entre ética e lei.
Os nossos códigos normativos contemplam inúmeras
situações em que se podem desenvolver comportamentos que não infringindo
nenhuma lei são autênticos insultos aos princípios éticos mais básicos.
Esta situação é, do meu ponto de vista, um dos
grandes contributos para a degradação da qualidade da nossa democracia e vida
cívica. As relações entre o mundo da política e o mundo dos negócios, entre a
imprensa, os negócios e o mundo da política, em que assistimos à circulação
despudorada de pessoas por funções eticamente não compatíveis, ou o que se
passa no âmbito de alguns processos judiciais mais mediatizados, são apenas
exemplos deste despudor ético que não infringe leis.
A questão que me preocupa, tem preocupado, e,
eventualmente continuará a preocupar, é se existe vontade política e capacidade
de resistência a interesses muito poderosos, no sentido de legislar de forma a
que não fiquemos todos tão expostos à arquitectura ética, ou falta dela, de
cada um de nós, sobretudo dos que desempenham funções de maior relevo ou
exposição.
Os discursos produzidos sobre este e outros casos
não autorizam expectativas muito elevadas, é assim o Portugal dos Pequeninos.
Dito de uma outra forma.
ResponderEliminarPETIT PAYS, PETITS GENS... ou
PETITS GENS, PETIT PAYS...
saudações
Errado, há gente muito Grande neste país pequeno
ResponderEliminarConcordo!
ResponderEliminarA minha intenção não era generalizar.
Os que por cá estão, "cantam de pantufas para não perder o lugar", como cantava o poeta.
Os outros têm que estabelecer-se num País estrangeiro para lhes ser reconhecido o valor.
saudações
Parabéns pelo seu texto. É tal e qual. Uma pena um país com pessoas tão boas naquilo que fazem e tão grandes naquilo que acreditam estarem sujeitas ao nosso malfadado estado actual das coisas, devido aos "vencedores" que temos serem como são.
ResponderEliminarGente Grande? Onde estão e onde estiveram durante estes anos todos? Caladinhos ou a berrar para dentro? O dinheiro, os favor, o compadrio lavam mais branco. País de cornos mansos que tudo aceitam.
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