Uma criança de 6 anos está impedida de entrar numa
escola em Viana do Castelo por ser, ao que parece, hiperactiva.
A criança tem demonstrado problemas de regulação
do seu comportamento, segundo o avô que tem a tutela educativa da criança, esta teria
algum apoio de um especialista na escola onde os seus problemas parecem mais
complicados. Devido à agudização do problema a escola recomendou ao avô que tivesse
“paciência” e impede o miúdo de entrar. Alterada a medicação o avô trazia a
criança mas não pode deixá-lo. Segundo o Público, não se conhecem comentários
da direcção da escola.
Se bem se recordam há poucas semanas por decisão
de uma Procuradora-adjunta uma miúda de 13 anos foi “dispensada” de frequentar
a escola, agora temos o miúdo de 6, hiperactivo, que causa problemas e que
também se vê dispensado aconselhando-se “paciência” à família. Algumas notas.
Em primeiro lugar importa realçar que, apesar de,
obviamente, não conhecer o caso, entendo que a criança pode revelar alguns comportamentos
que causem enormes dificuldades à escola, que pode até avaliar da sua
incapacidade de resposta face à gravidade dos comportamentos do miúdo. Conheci
várias situações em que, apesar do enorme esforço e disponibilidade da equipa
das escolas, a resposta não se encontrava só na escola e daí, também, as
dificuldades.
Lembro que em intervenções e relatórios recentes
a Inspecção-Geral da Educação defendeu a necessidade de que os educadores e
professores do ensino regular tivessem alguma formação no âmbito das
necessidades especiais de forma a melhor acolher as dificuldades das crianças. Sublinhou
também a ausência de Serviços de Psicologia e Orientação, previstos na lei, e a
dispersão excessiva por várias escolas dos poucos técnicos que existem. Num
relatório referente a 2010/2011 referia-se a falta de formação específica para
a resposta às necessidades dos miúdos com necessidades especiais, falta de
técnicos, designadamente psicólogos, e indefinição ou ausência de estratégias
relativas à educação deste grupo de alunos.
Neste cenário não me surpreendem as dificuldades
da escola mas a sua decisão deixa-me perplexo, tal como a decisão sobre a miúda
de 13 anos que referi acima. Em primeiro lugar, a escolaridade é obrigatória e
assegurada nos estabelecimentos de ensino que não podem “dispensar” uma criança
do seu direito à educação.
Por outro lado a devolução para uma família em dificuldades
dos problemas de uma criança que os “especialistas” da escola não conseguem
resolver é, na verdade, ingénua ou negligente. A escola, apesar das
dificuldades, não pode demitir-se de uma tentativa de ajuda aos problemas do
miúdo. Não pode mandar embora um miúdo de seis anos.
Lamentavelmente é apenas mais um sinal de que os tempos
não vão favoráveis aos miúdos que experimentam dificuldades. Já vamos conseguindo
ritalinizar os miúdos, mas não vamos nunca conseguir “normalizá-los”. O MEC em comentário adicionado à primeira notícia acredita que sim, os miúdos pode ser ritalinizados e normalizados. A ver por muitos dos comentários que se vão lendo, mais pessoas, para além de alguns "especialistas", entendem que sim, os filhos dos outros, é claro.
Empiricamente, diria que a hiperactividade e o DA vem lá de longe, desde que são bebés... e resulta da família. Pronto, lá vamos nós-resulta da mãe.
ResponderEliminarEnquanto não tivermos psis que partam deste princípio e trabalhem a família, a ritalina tem que servir.
Maria