Segundo relatório hoje conhecido, no ensino
básico cerca de um terço dos alunos recorre a um Plano de Recuperação. Um em cada
quatro destes alunos não atinge sucesso. O Relatório refere como causas a falta
de recursos, físicos e humanos, bem como dificuldades de organização dos
dispositivos de apoio. O Ministro Nuno Crato prefere apelar ao papel e
envolvimento dos pais e solicitar empenho e exigência aos professores. Pois.
Por curiosidade, retomo dados de há dois anos. Os
Planos de Recuperação também envolveram cerca de um terço dos alunos do Ensino
Básico, 227 839 em 764 000. A eficácia tinha o mesmo valor dos dados hoje
conhecidos, 25 % de insucesso. Na altura, alguns professores envolvidos
referiram a burocracia envolvida, conteúdos e extensão dos programas, falta de
recursos, dificuldades de organização dos apoios, etc.
Como se compreende a situação hoje conhecida não mostra
alteração significativa.
Quem conheça o contexto de funcionamento das
nossas escolas percebe que dificilmente os resultados poderiam ser diferentes,
independentemente do maior ou menor empenho dos docentes. Muitas vezes, por
falta de recursos que permitam uma correcta avaliação da natureza das
dificuldades os planos de recuperação são um elenco (uma grelha) de orientações
como "estar atento", "fazer trabalhos de casa", "ser
assíduo" etc. a que se acrescentam algumas orientações de
"responsabilização da família".
Do ponto de vista pedagógico, mobilizam-se ideias
como "diferenciação pedagógica" que, na prática por falta de formação
e recursos, resultam em "mais do mesmo". Creio que qualidade no que
respeita aos " planos de recuperação" deverá passar por uma correcta
avaliação das dificuldades dos alunos permitindo assim que o apoio seja
dirigido para essas dificuldades, o que torna necessária formação. Em sala de
aula, a utilização de parcerias pedagógicas parece uma medida potencialmente
eficaz. Deveria aligeirar-se a burocracia envolvida, com custos razoáveis de
tempo, e, finalmente, criar dispositivos de regulação e avaliação dos planos
que permitam a sua correcção e eficácia.
No entanto, as medidas da PEC, Política Educativa
em Curso, aumento das turmas, mega-agrupamentos, cortes nos recursos humanos, normalização
das respostas, etc., etc. não parecem o melhor caminho para a qualidade.
Os planos de recuperação é um documento que tem a utilidade do professor poder reter os alunos...sem o qual, o aluno não pode ser retido no final do ano. Se serve para aplicação de pedagogia diferenciada...na prática nunca vi.
ResponderEliminarÉ essa também a minha percepção apesar de algumas boas práticas
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