AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 18 de maio de 2012

PLANOS DE RECUPERAÇÃO? Às vezes

Segundo relatório hoje conhecido, no ensino básico cerca de um terço dos alunos recorre a um Plano de Recuperação. Um em cada quatro destes alunos não atinge sucesso. O Relatório refere como causas a falta de recursos, físicos e humanos, bem como dificuldades de organização dos dispositivos de apoio. O Ministro Nuno Crato prefere apelar ao papel e envolvimento dos pais e solicitar empenho e exigência aos professores. Pois.
Por curiosidade, retomo dados de há dois anos. Os Planos de Recuperação também envolveram cerca de um terço dos alunos do Ensino Básico, 227 839 em 764 000. A eficácia tinha o mesmo valor dos dados hoje conhecidos, 25 % de insucesso. Na altura, alguns professores envolvidos referiram a burocracia envolvida, conteúdos e extensão dos programas, falta de recursos, dificuldades de organização dos apoios, etc.
Como se compreende a situação hoje conhecida não mostra alteração significativa.
Quem conheça o contexto de funcionamento das nossas escolas percebe que dificilmente os resultados poderiam ser diferentes, independentemente do maior ou menor empenho dos docentes. Muitas vezes, por falta de recursos que permitam uma correcta avaliação da natureza das dificuldades os planos de recuperação são um elenco (uma grelha) de orientações como "estar atento", "fazer trabalhos de casa", "ser assíduo" etc. a que se acrescentam algumas orientações de "responsabilização da família".
Do ponto de vista pedagógico, mobilizam-se ideias como "diferenciação pedagógica" que, na prática por falta de formação e recursos, resultam em "mais do mesmo". Creio que qualidade no que respeita aos " planos de recuperação" deverá passar por uma correcta avaliação das dificuldades dos alunos permitindo assim que o apoio seja dirigido para essas dificuldades, o que torna necessária formação. Em sala de aula, a utilização de parcerias pedagógicas parece uma medida potencialmente eficaz. Deveria aligeirar-se a burocracia envolvida, com custos razoáveis de tempo, e, finalmente, criar dispositivos de regulação e avaliação dos planos que permitam a sua correcção e eficácia.
No entanto, as medidas da PEC, Política Educativa em Curso, aumento das turmas, mega-agrupamentos, cortes nos recursos humanos, normalização das respostas, etc., etc. não parecem o melhor caminho para a qualidade.

2 comentários:

  1. Os planos de recuperação é um documento que tem a utilidade do professor poder reter os alunos...sem o qual, o aluno não pode ser retido no final do ano. Se serve para aplicação de pedagogia diferenciada...na prática nunca vi.

    ResponderEliminar
  2. É essa também a minha percepção apesar de algumas boas práticas

    ResponderEliminar