Em síntese, um laboratório patrocina uma viagem
de 27 médicos a um congresso de ginecologia na Malásia, Os últimos três dias do
Congresso foram passados numa ilha paradisíaca a 700 quilómetros da capital
onde se realizava o evento científico. A estadia foi amplamente divulgada,
suscitando o embaraço do Bastonário da Ordem dos Médicos que solicitou uma
investigação, que agora foi arquivada pelo DIAP que conclui pela inexistência
de indícios de ilícito. A relação entre os médicos e os laboratórios, sobretudo
nos procedimentos de prescrição é uma questão velha.
Mais um caso dos muitos que em Portugal ocorrem
mostrando uma relação muito ambígua, por assim dizer, entre ética e lei.
Os nossos códigos normativos contemplam inúmeras
situações em que se podem desenvolver comportamentos que não infringindo
nenhuma lei são autênticos insultos aos princípios éticos mais básicos. Aliás,
esta situação, é do meu ponto de vista um dos grandes contributos para a
degradação da qualidade da nossa democracia e vida cívica. As relações entre o
mundo da política e o mundo dos negócios em que assistimos à circulação
despudorada de pessoas entre funções eticamente não compatíveis, ou o que se
passa no âmbito de alguns processos judiciais mais mediatizados, são apenas
exemplos deste despudor ético que não infringe leis.
A questão que me preocupa, tem preocupado, e,
eventualmente continuará a preocupar, é se existe vontade política e capacidade
de resistência a interesses muito poderosos, no sentido de legislar de forma a
que não fiquemos todos tão expostos à arquitectura ética, ou falta dela, de
cada um de nós, sobretudo dos que desempenham funções de maior relevo ou
exposição.
Neste quadro, os 27 ginecologistas a
divertirem-se em LangKawi a expensas de um laboratório, é uma minudência.
Vejamos:
ResponderEliminarMalasia = Malasya
Decompondo:
Mala+sia,
sendo siá= senhora
temos Malásia como local ideal para congresso de ginecologia.
Qual era mesmo a sua duvida?
É importante compreender a diferença entre ética e lei e os seus papéis. A lei visa apenas regulamentar um conjunto de princípios mínimos e basilares que permitam a paz social sem paternalizar o indivíduo.
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