AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 8 de abril de 2012

QUANDO CORRE BEM, ATÉ EM CASA CORRE BEM, MAS ...

No Público de hoje trata-se uma questão que me parece interessante e suscita alguma reflexão, os partos em casa. Parece assistir-se, ainda que sem grande significado, a um aumento do número de mulheres, famílias, que optam por realizar o parto em casa.
Embora me pareça legítima a opção, creio que a experiência e o conhecimento disponível sugerem alguma cautela.
Na verdade, podemos dizer que, quando corre bem, até em casa corre bem, a questão coloca-se, quando surgem complicações que em casa não têm condições de ser respondidas.
Por outro lado, sabemos que os partos hospitalares, sobretudo nas instituições de saúde privadas, constituem, por assim dizer, um nicho de mercado com um recurso desproporcionado a intervenção especializada, citemos como exemplo, o número extremamente elevado de cesarianas para as quais, certamente, não existirão indicações clínicas.
Também é verdade, que mesmo em situação hospitalar poderemos ter riscos ou falta de qualidade na resposta mas do ponto de vista dos bebés e também das mães, esses risco estarão mais controlados.
Há poucos dias, uma reportagem televisiva, relatava dois casos de famílias que levantaram processos a especialistas de enfermagem obstétrica que realizaram partos em casa com resultados muito complicados.
Dadas as questões corporativas envolvidas, não é estranha a divergência de posições entre a Ordem dos Enfermeiros e a Ordem dos Médicos para quem o parto em casa é um retrocesso em matéria de cuidados de saúde e prevenção.
Volto à afirmação, "quando corre bem, até em casa corre bem", regulamente existem histórias com final feliz de crianças que nascem, por exemplo, nas ambulâncias, mas o problema é quando corre mal. Sei por experiência familiar, que se não fosse a qualidade da resposta da Maternidade Alfredo da Costa, que agora está ameaçada, se aquele parto ocorrido há 30 anos fosse em casa, provavelmente teríamos vivido uma experiência dramática.
Finalmente, parece-me importante que se retome a experiência natural do parto, sem os excessos da "sofisticação médica" ou, obscuros interesses comerciais, mas partos em casa, cuidado, os pais poderão sofrer mas a conta é da criança.

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