O Público de hoje traz para primeira página a experiência, entretanto suspensa, de uma escola em Montemor-o-Velho que recorreu um procedimento de que já há muito não ouvia falar, a mixagem fosfénica, para melhorar o desempenho e competências de alunos com dificuldades. O procedimento passa por fixar, de forma concentrada e no contexto das aprendizagens, umas lâmpadas especiais, as fosfénicas, e aguardar "amplificação das capacidades cerebrais", melhoria da memória, do comportamento e das notas escolares.
Durante os anos 70 esta experiência, por assim dizer, da responsabilidade de Lefebure teve alguma, pouca, divulgação e um trajecto inconsequente, pelo menos e que eu conheça, entre nós e em contextos escolares.
A recuperação deste procedimento por parte da escola, foi sustentada pela atitude de tentar algo que permita ajudar os alunos, foi aprovada por pais e Conselho Geral, embora sem o conhecimento do MEC. Entretanto, a experiência foi suspensa até novas orientações.
A este propósito algumas notas. Nos últimos anos e no que respeita aos problemas, de diferentes âmbitos e gravidade, que afectam as crianças, têm vindo a emergir uma gama sem fim de abordagens "terapêuticas" da mais variada natureza das quais, numa espécie de pensamento mágico, se esperam resultados milagrosos que nem sempre são comprovados com validade científica, embora muita gente possa "atestar" as melhoras observadas e que, evidentemente, alimentam o recurso a esta gama do que eu chamo a "tudoterapia", ou seja, tudo é terapêutico.
Inquieta-me sobretudo o que acontece com os pais, conheço muitas situações, quando se envolvem nestas experiências. As suas fragilidades e impotência face aos problemas que os filhos evidenciam, a vontade inesgotável de tentar ou experimentar o que estiver ao seu alcance para que os problemas se atenuem ou desapareçam, leva-os a investirem imenso nessas abordagens que, na verdade, não são milagrosas e não têm resultados garantidos.
Para além dos custos, da frustação em caso de insucesso, o mais provável na maior parte da "tudoterapia", alguns pais podem ainda sentir-se culpados porque, por exemplo, devido a circunstâncias económicas ou de acessibilidade, não podem providenciar tais "terapêuticas" ao seus filhos. A "evolução", que por vezes se regista em algumas situações, pode dever-se, por exemplo, a um efeito placebo, a uma maior atenção dada à criança, e não decorrer das propriedades terapêuticas do procedimento, para as quais, como referi, não existe nas mais das vezes, validade científica.
Neste cenário, os técnicos têm um papel fundamental, embora difícil, de contenção das angústias e necessidades dos pais, no sentido de procederem a abordagens sérias e realistas sobre os objectivos, limites e resultados esperados das intervenções disponíveis, ajudando e orientando as famílias nas escolhas e decisões.
No caso vertente "os técnicos (que)têm um papel fundamental, embora difícil..." são os professores e a direcção da escola. Há que chamar os bois pelos nomes. E falharam miseravelmente. Porque não a Maya? O que se passou nessa escola é simplesmente um caso disciplinar e, caso tenha havido participaçao de algum dos (ir)responsáveis no negócio das luzinhas a 30 euros, um caso criminal. Criminoso é de certeza. E, francamente, incomoda-me que os defensores da escola pública não se incomodem mais. Cumprimentos e parabéns pelo seu blog.
ResponderEliminarCaro Pedro Nunes, obrigado, vá passando
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