AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O ACORDO DO DESACORDO

Uma vez que acredito que a questão não estará definitivamente encerrada, retomo e retomarei o problema do Acordo Ortográfico que, depois da agitação decorrente da decisão de Vasco Graça Moura de suspender a sua utilização no CCB, regressa à agenda a propósito da ausência de posição institucional da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa referida no Público.
Assim retomo, repetindo, a minha breve e não técnica reflexão sobre o que me parece estar em causa.
Umas das vantagens de ser velho é poder ser teimoso e ter uma justificação para isso, a idade, toda a gente sabe como os velhos são teimosos. Do que tenho lido ainda não me convenci da bondade do acordo. Entendo que as línguas são estruturas vivas, em mutação e isso é importante. Neste cenário, é clara a necessidade de ajustamentos, por exemplo, a introdução de palavras novas ou mudanças na grafia de outras o que não me parece susentação suficiente para o que o Acordo Ortográfico estabelece como norma.
Por outro lado, a grande razão, a afirmação da língua portuguesa no mundo, também não me convence pois não me parece que o inglês e o castelhano que têm algumas diferenças ortográficas nos diferentes países em que são língua oficial, experimentem particulares dificuldades na sua afirmação, seja lá isso o que for. De facto não tenho conhecimento da perturbação e do drama com origem nas diferenças entre o inglês escrito e falado na Inglaterra e nos Estados Unidos, mas isto dever-se-á, certamente, a ignorância minha e à pequenez irrelevante daquelas comunidades anglófonas.
Por outro lado, a opinião dos especialistas não é consensual, temos regularmente exemplos disso mesmo, e eu sou dos que entendem que em todas as matérias é importante conhecer a opinião de quem sabe.
Neste quadro e como sou teimoso vou continuar a escrever em desacordo até que o teclado me corrija. Nessa altura desinstalo o corrector que venha com o acordo e vou correr o risco de regressar à primária, ou seja, ver os meus textos com riscos vermelhos por baixo de algumas palavras, os erros.
Nessa altura, também não me importo, os velhos, além de teimosos têm coisas esquisitas.

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