AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 1 de outubro de 2011

VELHOS

Manda a agenda das consciências que hoje pensemos no idoso, está registado o Dia Internacional do Idoso. Pensemos então nos idosos, nos velhos.
Com a simpática e generosa ideia de aliviar a sensação de chegar a velho, é frequente utilizar a expressão “velhos são os trapos” não as pessoas. Era interessante que assim fosse mas não, as pessoas ficam velhas, matéria a que sou cada vez mais sensível vá lá saber-se porquê, e por vezes não é fácil. Pode ser bonito ser velho mas para muitos velhos, seniores, idosos, gente de terceira idade, o que quiserem, a velhice pode ser um pesadelo. Pensões e reformas baixíssimas que produzem situações de carências graves abandono e isolamento pelas família ou por ausência de família, maus-tratos e exploração no interior das famílias ou em “lares”, um eufemismo para instituições, algumas, em que as pessoas estão emprateleiradas e entregues à espera do nada, cuidados de saúde inacessíveis e demorados, são apenas alguns dos problemas que podem esperar a terceira idade, os velhos como eu prefiro. Mas este quadro não tem que ser uma fatalidade, depende da comunidade e das políticas que não seja esta a realidade que espera muitos de nós.
Mas como nem tudo tem que ser negro, gostava de vos recordar um texto, "O Brinquedo preferido”, uma história com velho dentro que em tempos deixei aqui no Atenta Inquietude.

De há uns tempos para cá apareceu uma moda naquela terra que “impede”as pessoas de falarem em brincar nas escolas da terra, é proibido brincar nas escolas. A moda foi fabricada por uma gente ignorante de miúdos, obcecada com trabalho e produtividade, mesmo infantil, uns infelizes neo-liberais. Mas ainda existem uns professores, muitos, naquela terra que não se deixam enganar, sabem ler os miúdos e percebem que eles aprendem porque também brincam e brincam porque também aprendem. Aliás, brincar e aprender são as coisas mais sérias que os miúdos fazem, sorte a deles, a de alguns.
Um dia, um desses professores lembrou-se, que sacrilégio, de dizer aos seus alunos para trazerem para a escola o seu brinquedo preferido. A Maria trouxe uma boneca. O João apareceu com a playstation nova. A Sara vinha vaidosa com umas bonecas que o pai tinha trazido do estrangeiro. A Irina trazia o Noddy. O Carlos vinha com uns olhos quase tão grandes como a bola de futebol que trazia debaixo do braço. O David, sempre pronto para as lutas, trazia uns bonecos lutadores de wrestling. A Joana não ligava a ninguém com o seu mp3 cheio das músicas de que gosta. Enfim, por um dia, toda gente veio para a escola com um brinquedo, o seu preferido. O último a chegar foi o Manel.
Feliz e sorridente entrou na sala de aula com o avô pela mão.

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