AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A TERRA MOLHADA

Acho mais sinceros os dias de chuva. Nos dias que em chove ponho-me a pensar que não sou só eu que vivo arreliado. Depois, o cheiro da terra molhada é que me faz de novo animar.
(Almada Negreiros)

Já chove no Meu Alentejo. A terra gretada pela secura que parecia chorar lágrimas secas pela chegada da chuva, as lágrimas molhadas, já liberta o inconfundível cheiro de que falava o Mestre Almada e que me deixa mais animado.
O Velho Marrafa desta vez enganou-se, afirmava que só a mudança da lua a meio da semana traria água e eu, apoiado na ciência, dizia, desejava, que a água chegava este fim-de-semana. Ganhou a ciência, já chove no Meu Alentejo.
Pode até permitir que as azeitonas ainda engrossem antes da apanha. O panorama não era animador, azeitona seca, muita já no chão, vamos a ver se a que está nas árvores e sobrevive à gafa se aguenta.
Esta chuva vai também lavar o pó e tudo fica mais bonito.
A terra já pode ser fabricada e pode iniciar-se as sementeiras. Começa a ser o tempo, das favas, dos alhos ou dos cereais, por exemplo.
Por outro lado, creio que a secura não afecta só a terra. Sinto que as pessoas também se sentem secas, já com pouco para dar, cansadas, ansiosas porque alguma coisa mude, às vezes nem sabendo exactamente o quê. Creio que cada um de nós gostaria que mudassem coisas diferentes, mas que mudassem. Um problema sério é que também a confiança no futuro parece seca como a terra.
A terra vai ficar melhor, já chove no Meu Alentejo. E nós, as pessoas?

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