AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 8 de julho de 2011

CADA CAVADELA, CADA MINHOCA

A entrevista hoje divulgada do Dr. Fernando Nobre fez-me recordar uma famosa expressão da nossa língua, “cada cavadela, cada minhoca”, ou seja, sempre que fala complica. De facto, o Dr. Nobre, apesar da formação em medicina parece ter uma manifesta dificuldade em entender o que sentiu a generalidade das pessoas que se surpreenderam desagradavelmente com a sua participação nas legislativas, o deprimente episódio da presidência da Assembleia da República.
De uma forma geral, ninguém se referia a tacho, aliás, do meu ponto de vista erradamente, as referências a tacho remetiam para a presidência da AMI e da participação da família na direcção da Organização. O que se referia como motor da deriva absolutamente errática e insustentável do Dr. Nobre era a apetência pelo poder e as sucessivas afirmações durante o processo.
O Dr. Nobre não deve confundir “tacho” com poder. Como certamente saberá, existem tachos que não dão poder e poderes que não são tachos. O Dr. Nobre, por uma vez podia deixar-se de demagogia e populismo e entender que o “jogo de cintura” à procura da onda certa tem limites.
Estou muito à vontade porque fui das pessoas que saudou a sua candidatura à presidência da república. Apesar de algumas passagens do seu discurso me causarem algum embaraço, achei que poderia ser um bom teste à partidocracia instalada. Para meu dissabor, logo após as presidenciais o Dr. Nobre converte-se ao que de pior tem a partidocracia, o poder pelo poder e o serpentear da conveniência.
Diz que já aprendeu a não dizer jamais. Era desejável que tivesse aprendido um pouco mais. No lindíssimo Fado da Tristeza da Manuela de Freitas que, por exemplo, o Camané canta diz-se, “Canta da cabeça aos pés, canta com aquilo que és, só podes dar o que é teu”.
Manifestamente, o Dr. Fernando Nobre quis dar o que não tinha para dar.

2 comentários:

  1. Meu caro Zé Morgado:
    Na realidade toda a vida do Dr. Fernando Nobre tem-se pautado pelo DAR: o que tem (o saber, a saúde, o risco da própria vida, os afectos) e o que não tem; por isso aceitou um convite envenenado, na expectativa de que naquele lugar poderia fazer alguma coisa por este pobre País, cuja situação na realidade o aflige e muito.Não entendo tanto ódio, tanta raiva tanta ignorância; mas, cada um mostra o que tem

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  2. Cara Maria do Mar,
    Até à deplorável candidatura a um lugar, ó único que aceitava, em nome de um programa que confessou não conhecer, a minha perspectiva e admiração pelo o Dr. Fernando Nobre era como a sua. Como disse no texto, aderi à candidatura à presidência e contou com o meu voto. O resto da história é que considero um processo patético e triste.
    Última nota, não tenho qualquer espécie de raiva, ou ódio, ao Dr. Fernando Nobre, antes pelo contrário, a minha admiração transformou-se em comiseração e decepção, qué algo que, confesso, não me orgulho nada de sentir. De resto, apenas entendo que posso fazer uma leitura de comportamentos públicos.
    Parece-me simples embora, obviamente, susceptível de discordância. É a cidadania como diria O Dr. Nobre.

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