AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 23 de junho de 2011

VIDA DE STRESS? Sim, a de muitos miúdos

As questões ligadas ao stress, seja lá isso o que for, entraram decididamente no nosso quotidiano. Depois de uns meses muito preocupados com os testes de stress à banca, coisa para mim inovadora, hoje fico saber que o stress da cidade deixa marcas no cérebro das pessoas. Os cientistas que realizaram o estudo encontraram diferenças entre as pessoas que vivem nas cidades e as que vivem no campo, por assim dizer. Fiquei perplexo. A sério? Parece mesmo que sim.
Do meu ponto de vista podemos estar perante um equívoco. O problema não é a cidade, são os estilos de vida da maioria de nós. Quem habitar em zonas rurais e mantiver estilos de vida com determinadas características corre os mesmos riscos. Pode viver-se tranquilamente na cidade, depende das rotinas que queiramos ou conseguirmos instalar.
Como já uma vez aqui referi, inquieta-me bastante mais o stress presente na vida de muitos miúdos que não têm autonomia nem capacidade de auto-determinação para modificarem a sua stressantes narrativa.
Em 2010, o Relatório da Acção de Saúde para Crianças e Jovens em Risco da Direcção-Geral de Saúde refere que foram detectados 3551 casos de maus-tratos, cerca de 10 por dia, considerando apenas os casos identificados.
Muitos miúdos passam o dia a saltitar entre actividades e a correr de espaço para espaço sem tempo para respirar.
Muitos milhares de miúdos vivem em famílias que experimentam tremendas dificuldades em assegurar patamares mínimos de bem-estar e qualidade de vida.
Muitas crianças são vítimas de maus-tratos e negligência que transforma a sua vida num inferno inaceitável.
Muitos miúdos e adolescentes são fortemente pressionados pelas famílias para a excelência do desempenho vivendo angustiadas perante o risco do fracasso e de se sentirem responsáveis por expectativas familiares defraudadas.
Muitos miúdos e adolescentes vivem em ambientes afectivamente hostis, ameaçadores da sua auto-estima e confiança quando não vitimizados pela fragilidade que demonstram.
Muitos adolescentes sentem-se perdidos e incapazes de construir um projecto de vida viável capaz de os rebocar até ao futuro.
Os exemplos poderiam crescer, mas parecem suficientes para mostrar o nível de especialização que muitas crianças, adolescentes e jovens já atingiram em experência de stress.
E só falei dos mais novos.
A questão, insisto, é mesmo o estilo de vida, a cidade pode não ser stressante.

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