Ficámos agora a saber dos resultados mais visíveis da operação "Recreio Seguro II” que a PSP desenvolveu até ontem tendo por objectivos centrais a prevenção da delinquência e violência que envolve os espaços escolares e promover a segurança genérica na comunidade educativa. A PSP deteve 81 indivíduos por prática delinquente e apreendeu 27 armas junto a escolas no conjunto das acções realizadas.
À luz dos últimos episódios neste universo, a iniciativa parece meritória mas, do meu ponto de vista fica como questão, "e agora?"
Retomo as notas que aqui deixei há alguns dias quando foi anunciado o arranque desta operação. Considerando a designação da operação, “Recreio Seguro II”, gostava de deixar alguma reflexão mais direccionada para os próprios recreios escolares e não tanto para os espaços envolventes das escolas, que tiveram no âmbito desta operação uma atenção mais particular.
É óbvio que os problemas mais significativos sentidos nas escolas, indisciplina, violência, delinquência, bullying, etc. ocorrem em grande parte nos recreios pelo que, afirmo-o muito frequentemente, me parece fundamental que se dê atenção educativa aos tempos e espaços de recreio escolar.
Em muitas escolas a insuficiência de pessoal auxiliar, agora baptizados “assistentes operacionais” não permite a ajustada supervisão desses espaços. Por outro lado, a sua formação em matérias como supervisão educativa e mediação de conflitos, por exemplo, e, ou, o entendimento que têm das suas competências, muitas não valorizadas pela própria comunidade, leva a alguma negligência ou receio de intervenção.
Talvez não seja muito popular mas digo de há muito que os recreios escolares são dos mais importantes espaços educativos, aliás, muitas das nossas memórias da escola, boas e más, passam pelos recreios. Neste sentido, defendo que a supervisão dos intervalos deveria ser da responsabilidade de docentes. A reestrutura da enorme carga burocrática do trabalhos dos professores, dos modelos de organização e funcionamento das escolas, por exemplo, poderiam libertar horas de docentes para esta supervisão que me parece desejável.
A boa e atenta “profes-vigilância” é mais eficaz que um invisível “big brother”, por exemplo a vigilância electrónica, ou a presença regular inviável e indesejável de elementos forças de segurança nos espaços escolares.
Parece evidente a necessidade de dar visibilidade e eficácia às instituições e procedimentos de combate à delinquência e violência que envolve jovens mas como afirmei muitas vezes nas últimas semanas, prendê-los não basta.
Moro ao lado de uma escola (relativamente grande) com crianças que deviam ir dos dos 3 aos 10 anos mas onde existem muitos bem mais velhos. Durante a hora de almoço fica na escola 1 (!!!) auxiliar educativa. Mais auxiliares o Min da Educação não contrata... Os professores é vê-los cá fora aos magotes a fumar um cigarrinho e na conversa... Quando acontecer uma desgraça os meninos que se socorram uns aos outros...
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