AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 28 de junho de 2011

MIÚDOS ON-LINE

Segundo dados divulgados no âmbito do PISA sobre a utilização das novas tecnologias os alunos miúdos portugueses utilizam mais a net em casa do que na escola e 98% têm computador em casa. A utilização em casa é superior à média dos países da OCDE e na escola é abaixo. É interessante que os alunos portugueses estão em primeiro lugar no que respeita ao assumir a competência para a produção de uma apresentação multimédia.
Sobre estes dados, nomeadamente a utilização da net em casa, algumas notas já por aqui deixadas em textos anteriores.
Um primeiro dado sobre a adesão das crianças às redes sociais. Um estudo realizado nos Estados Unidos pela revista "Consumer Reports" informa que estão registados 7,5 milhões de utilizadores no Facebook com menos de 13 anos, a idade recomendada pela rede social para proceder ao registo. Destes 7,5 milhões de utilizadores, cerca de 5 milhões têm menos de 10 anos e utilizam a rede social com baixo nível de supervisão dos pais. Parece-me justificável esta referência porque sendo um fenómeno emergente e global, importa que também entre nós se esteja atento à relação dos mais novos com as redes sociais e à forma como nós adultos lidamos com esta questão. Aliás, há pouco tempo foi também divulgado um estudo europeu do Projecto EU Kids, em que se referia que 38 % das crianças dos 9 aos 12 anos têm perfis nas redes sociais enquanto que na faixa dos 13 aos 16 a percentagem sobre para 78 %. Acresce que cerca de um quarto tem perfil público, portanto acessível a qualquer pessoa.
Recordo também que um estudo recente do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa sobre a utilização da net por parte de crianças e adolescentes, entre os mais novos, dos 8 aos 10 anos, 35.7% afirmam que utilizam a net em casa sem regras estabelecidas, sendo que 42% também referem que não têm controle dos pais sobre páginas consultadas e correio electrónico.
Estes dados, apesar de não surpreendentes, são preocupantes. Muitas vezes já aqui tenho referido como o ecrã, qualquer ecrã, é hoje a “baby-sitter” de muitíssimas das nossas crianças e adolescentes que neles, ecrãs, passam um tempo enorme “fechados”. Como também sabemos, parte importante desse tempo é passado só, facilitando a falta de controlo sobre a utilização do ecrã, neste caso a net. A situação é ainda agravada pelo facto de em muitas das nossas famílias ainda se verificar alguma iliteracia informática que também complica a possibilidade dos pais acederem e dominarem a utilização dos recursos informáticos. Neste quadro, importa que o acesso e domínio destes meios seja estimulado juntos dos pais, que os programas de net segura sejam reforçados, e que pelas vias da educação a tempo inteiro (não confundir com escola a tempo inteiro) e de mudanças na organização do trabalho, se diminua o tempo que as crianças e adolescentes passam, sós, ligadas a um ecrã.
Considerando as implicações e nos sérios riscos presentes na vida diária, importa que se reflicta sobre a atenção e ajuda, em informação e na forma de lidar com os riscos, destinada aos pais de forma a que a utilização imprescindível seja regulada e protectora da qualidade de vida das crianças e adolescentes.

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