AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A FORÇA DO AFECTO

Cenário – Corredor de uma instituição de ensino superior
Personagens – Jovem furiosa ao telemóvel sentada num banco e o escrevinhador que passa

Cena – No momento em que o escrevinhador passa, a jovem furiosa ao telemóvel quase que grita, “Não me interessa, sou a tua namorada. Combinaste uma hora tens que vir. Nem que tenhas que dar a volta ao mundo”. O escrevinhador, em movimento, já não ouviu mais.

O escrevinhador afasta-se impressionado com a força do afecto que tudo sustenta e a tudo obriga. Impressionado com a urgência de um encontro combinado e o vazio devastador de um atraso. Impressionado com a exigência ciclópica que um encontro pode conter traduzido na imensidão de “nem que tenhas que dar a volta ao mundo".
O escrevinhador ainda pensou que, às vezes, o afecto não resiste a tanta força. A esta força, uns chamam-lhe paixão, outros chamam-lhe posse.

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