A 25 de Abril, para as pessoas da minha geração, é impossível não falar do 25 de Abril, daquele 25 de Abril, do nosso 25 de Abril, do meu 25 de Abril.
Há algum tempo, numa conversa informal com alunos, jovens, do ensino superior, alguns questionavam-me sobre como era a vida académica, e não só, antes desse 25 de Abril. Ao procurar dar-lhes um retrato desse tempo e do que era a nossa vivência diária, deu para perceber alguma perplexidade nos jovens não tanto pelas referências às grandes questões, mas, sobretudo, pelas pequenas histórias do dia-a-dia.
Histórias do clima de desconfiança e suspeição sobre a pessoa do lado que nos prendia dentro da gente; do livro que se não tinha; do filme que se não podia ver; do disco que se contrabandeava; do teatro que não se podia fazer; da conversa que se não podia ter; do professor de quem não se podia discordar; da ideia que se não podia discutir; da repressão visível e, mais pesada, invisível; do beijo que não se podia dar em público; do livro único para formar um pensamento único; de tantas outras histórias com que se tecia um mundo pequeno que nos queria pequenos.
Aquela conversa foi muito estimulante. É certo que me deixou a doce amargura da idade mas, mais interessante, fiquei convencido que aquele pessoal não permitirá nunca que se possa voltar a ter histórias daquelas para contar a gente mais nova.
Acho até que esta gente não vai mesmo estudar para ser escrava, esta gente vai, apesar de por vezes se sentir à rasca, chegar ao futuro.
Gosto de acreditar nisto. Também por causa daquele 25 de Abril.
E porque é mais fácil e mais bonito, "Traz outro amigo também".
Desconheço se o prof. na sua conversa informal com alunos foi mais abrangente ou ficou pela vida académica e dificuldades de obter cultura. Vou ter a ousadia de pensar que sim...As minhas sinceras desculpas se estou enganado!
ResponderEliminarPOR ISSO ACRESCENTO...
Após a derrota da Alemanha,(1945) o governo Português (presidente Óscar Carmona) decretou luto nacional pela morte do nazi Hitler.
Mercê dos ensinamentos de instrutores nazis, forma-se a Polícia Internacional e Defesa do Estado (a famigerada PIDE).
As prisões enchem-se de opositores ao regime totalitário, repressivo e violento.
Aparecem campos de concentração: Tarrafal (Cabo Verde)-Peniche-Prisão forte de Caxias e outras...
TORTURAS
Queimar os presos com cigarros.
Interrogar os presos despidos, sobretudo quando se tratava de mulheres.
Privações de sono, ás vezes por duas semanas.
Extracção de dentes e unhas sãos e a sangue frio.
"Tortura da estátua" que passava por obrigar o preso a estar de pé até desmaiar.
Pressões e perseguições aos familiares dos presos políticos.
E muito mais...E muito mais...E muito mais. E a maioria sem culpa formada!
25 de ABRIL DE 1974? SEMPRE!!! SEMPRE!!! SEMPRE!!!
Acredito que a maioria dos seus alunos visitam o seu blog. Se não o fizerem... Desdita deles!
Saudações