AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

MORRER DE SOZINHISMO

Normalmente funciona assim. Depois da tragédia os problemas que a envolvem entram na agenda até serem substituídos por outros ligados a nova tragédia. É a espuma dos dias.
Tem-se falado nas últimas horas da descoberta de uma idosa que terá morrido há nove anos permanecendo em casa na companhia das suas companhias, as que não a abandonaram, os pássaros o canito, também mortos. Há uns meses atrás, no último inverno, as águas tinham-se agitado devido à morte, presumivelmente devido ao frio de quatro idosos que também viviam sós. No caso mais recente, apenas uma vizinha terá com alguma insistência procurado que as autoridades desencadeassem algum procedimento mas sem sucesso, as autoridades competentes revelara a sua incompetência.
Não sou, não quero ser, especialista nestas matérias mas creio que muitas destas pessoas morrem de sozinhismo, a doença que ataca os que vivem sós e perderam o amparo. pessoas terão morrido de solidão e não de frio. Quem não vive só mais dificilmente terá frio. As pessoas são, espera-se, fonte de calor. E este universo, as pessoas velhas que vivem só e em isolamento tende a alargar-se. Segundo dados relativos a Lisboa, verifica-se uma "realidade de total isolamento diário para 59 por cento da população que reside sozinha, evidenciando um risco de solidão”.
Esta é que é verdadeiramente a causa de morte de muitos idosos. Por isso e como sempre, para além das necessárias políticas sociais emergentes do estado e das instituições privadas de solidariedade impõe-se a percepção pelas comunidades, designadamente pelas famílias, do drama da solidão e isolamento de que o frio, traduzido na falta de um aquecedor, não passará de uma metáfora.

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