AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A HISTÓRIA DO POR ACASO

Era uma vez um rapaz chamado Por Acaso. Nasceu numa família que o não esperava, nem desejava. A sua vida começou por acaso.
Por Acaso vivia com uma família enorme em que o que havia, quer de bens, quer de bem-querer não chegava para todos. Por Acaso ficava com o que sobrava, ou seja, nada, ou muito pouco.
Quando a escola entrou na sua vida, se assim não fosse Por Acaso não entraria na escola, a coisa não começou bem. Por Acaso estava sempre no fundinho da sala, no fundinho da atenção, mesmo quase do lado de fora do estar dentro.
Por Acaso quando chegou ao fim do tempo em que esteve amarrado à escola chegou perdido ao resto do caminho.
Sem saber muito bem para onde se virar, Por Acaso abrigou-se num grupo que não fazia perguntas e se dedicava à tarefa de redistribuir os bens, ou seja, tiravam o que não tinham a quem tinha.
Por Acaso passou a ter, coisa que nunca lhe tinha acontecido. Por Acaso começou a sentir-se gente, quem tem é gente e Por Acaso tinha.
Um dia, Por Acaso teve azar, tropeçou com o que não era suposto estar ali e Por Acaso viu a vida voltar-lhe as costas pela última vez.
Por Acaso acabou mal, podia ter acabado bem, por acaso.

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