AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A HISTÓRIA DO NINGUENZINHO

Quando nasceu, alguém exclamou que parecia um Ninguenzinho e assim ficou, Ninguenzinho. Manteve-se sempre mais pequeno que os miúdos da sua idade. Contrariamente ao que as pessoas esperam de miúdos pequenos o Ninguenzinho era o mais apagado e discreto dos miúdos, quase não se dava por ele. Como sabem, as pessoas preocupam-se fundamentalmente com os muitos bons e com os muito maus e, por isso, praticamente não reparavam no Ninguenzinho.
A escola foi cumprida a um canto, triste e sem que alguém, alguma vez, se lembrasse de uma palavra ou gesto de apreço ou incentivo ao Ninguenzinho. Como sabem na escola, notam-se e merecem atenção sobretudo os muito bons alunos e os muito maus alunos.
Fez-se adulto como sempre foi ao crescer, num canto, triste e na sombra. Como sabem, as pessoas reparam sobretudo naqueles que brilham, por coisas boas ou por coisas más.
O Ninguenzinho manteve-se sempre só, sem família sua e sem amigos seus. Como sabem, as pessoas reparam mais nos que têm gente à volta, por boas ou más razões.
No dia em que o Ninguenzinho deixou de aparecer, ninguém reparou na sua falta. Como sabem, as pessoas só notam a falta de quem é alguém, não de quem é um Ninguenzinho.

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