Faz parte das rotinas dos últimos dias das férias aqui no meu Alentejo, arrumar a lenha no casão. Da limpeza anual de algumas oliveiras e de outras fornecedoras, feita no inverno, fica a lenha que seca durante o Verão e há que guardá-la antes da chuva. Foi traçada na altura da limpeza e a mais grossa é agora rachada antes de se arrumar.
Por coincidência, estes dias têm ido ásperos de quentura pelo que carregar, rachar e arrumar lenha é algo de simpático como ocupação dos últimos dias antes do regresso à lida. O Mestre Marrafa, sempre optimista, é que diz que a lenha é das coisas mais ricas que existem, aquece quando se corta, aquece quando se carrega e aquece quando se queima, um verdadeiro e espantoso “três em um”.
Faz-me lembrar, já uma vez o disse, a velha fábula da formiga e da cigarra. Só que nestes dias, tendo passado manhãs e tardes de formiga, não preciso de esperar pelo aconchego da lareira no inverno para virar cigarra.
As noites têm sido iluminadas por aqueles luares de Agosto que parecem dia e até não estão particularmente quentes, vão brandas como se diz por cá.
Permitem por isso que se esteja na rua até tarde a olhar para um tecto lindíssimo, cheio de luz e a ouvir o Alentejo nocturno.
O luar de Agosto apenas é perturbado pela presença do portátil que a cigarra usa para escrever este texto.
Mas está bonito na mesma.
Professor,
ResponderEliminarDescobri o seu blog mt recentemente, através da "Pública".
Hoje vim cá "cuscar" e gostei muito.
Gostei muito deste texto e lembrou-me de algumas aulas suas em que o professor usava com frequência episódios da sua vida para ilustrar alguns temas que abordava. Sempre gostei particularmente de uma coisa- a sua ligação e o orgulho com que falava das suas origens, que por acaso, n me lembro se estavam ligadas ao Alentejo.
Fique bem e continue a escrever.
Um abraço
Catarina Cardoso (Voz do Operário e actualmente a viver na Cidade da Praia).