As exigências do acesso, tratamento, troca de informação e dados fez entrar no nosso léxico "zipar" ou "zipado" que remetem para a acção de comprimir ficheiros e a designação de ficheiros comprimidos, reduzindo-lhes o "peso" e facilitando a circulação. Há pouco, necessitando de enviar um conjunto de ficheiros, procedi à rotina de os "zipar" e fiquei a pensar como esta compressão está tão presente na nossa vida.
Os miúdos vivem comprimidos entre os estilos de vida dos pais e uma quase intoxicante presença de horas a mais nas escolas. Vivem "zipados" entre a falta de perspectivas no futuro e as dificuldades do presente. Por outro lado e pelo contrário, parecem "unzipados", descomprimidos em excesso, pela falta de eficácia na regulação dos valores e na percepção de valores e limites.
Muitos de nós vivemos "zipados", comprimidos, pela pressão da sobrevivência em cada dia que começa. Muito de nós sentimo-nos "zipados" por interesses que, muitas vezes, não têm a ver com o bem-estar comum. O nosso quotidiano é "zipado" pela pressão consumista e pela ideia de que ser é ter.
Os mais velhos, os sobreviventes, estão, sentem-se, "zipados" pela solidão e a fragilidade face ao presente.
Acho que estou mesmo a precisar de "unzipar", descomprimir.
E depois querem que os jovens, indo contra toda a lógica da cultura presente ("tu és absolutamente livre, és feliz se tiveres isto e aquilo, tudo efémero, tudo é banal, tudo é descartável, também tu és descartável), se sentem numa sala, todos calados a aturarem um tipo que não se cala e que lhes exige respeitinho. Respeitinho??? Mas nós olhamos para esta sociedade e onde está o respeito? É descartável... Não bate a bota com a perdigota. Como resolver o problema?
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