Começa o terceiro período nas escolas, o tempo curto em que se jogam todas as decisões. O aproximar do fim do ano traz a ansiedade para alguns e a tranquilidade para outros.
Visto do meu canto, o fim do ano acentua a inquietação com o que eu chamo percurso de implosão da escola. A turbulência sentida com a equipa anterior do ME parece ter acalmado em termos formais, no entanto a escola continua doente, muito doente. Se inquirirmos alunos, professores, pais ou outros grupos próximos à educação sobre o seu sentimento face à escola, será provável que as respostas não sejam muito positivas. Dá-se a situação estranha de termos um universo tão importante como a educação em que os que lá habitam parecem não gostar do que têm. É frequente que todos culpem todos pelos males que afligem a escola criando dimensões de conflitualidade de evolução imprevisível.
Se repararmos nos discursos elaborados sobre os professores, pode constatar-se que ao mesmo tempo que se clama por uma autoridade que parecem ter perdido, se produzem afirmações e juízos que diminuem e comprometem seriamente a imagem social dos professores o que, obviamente, mina a sua autoridade.
A politização partidária da educação tem dado um fortíssimo contributo para a degradação do olhar produzido sobre a escola. Esta partidarização informa grande parte dos discursos políticos mas, também, grande parte dos discursos dos representantes dos professores. Tal situação, impossibilita a emergência de um desígnio que fornecesse uma energia propulsora de mudança que conjugasse diferentes esforços. Lembro-me como uma expressão, "No child left behind", pode, só por si, configurar um programa político impossível de imaginar entre nós.
Na imprensa multiplicam-se os discursos, mais ou menos informados, mais ou menos ignorantes, mais ou menos influenciados por agendas ocultas que fragilizam a percepção da escola.
As políticas educativas por incompetência e arrogância criaram uma perturbação no clima das escolas que a metodologia avulsa e reactiva, obedecendo ao incidente da agenda, da actual equipa não atenua significativamente até porque as mudanças anunciadas parecem mais acessórias ainda que positivas, algumas, do que essenciais. A tentação dos resultados que componham as estatísticas é maior que o compromisso com o rigor e a qualidade.
A preocupação sobre a escola, deixou, por boas e más razões de estar centrada nos alunos e na qualidade dos seu trabalho para estar centrada no trabalho do professor e nos seus problemas profissionais o que sendo obviamente importante não pode hipotecar a centralidade da escola.
A minha grande inquietação é que este trajecto que, por vezes me parece assustadoramente inconsciente, corre o sério risco de estar a promover de forma lenta a implosão da escola pública.
Não seria melhor arrepiar caminho?
Afirma: " A preocupação sobre a escola, deixou, por boas e más razões de estar centrada nos alunos e na qualidade dos seu trabalho para estar centrada no trabalho do professor e nos seus problemas profissionais (...)" Pois bem, meu caro. Esta realidade (triste, diga-se!) surgiu quando um Primeiro ministro colcoou em dúvida a qualidade do ensino superior eque certifica médicos de quem ninguém duvida, certifica engenheiros (como Sócrates!) cuja competência ninguém coloca em causa, certifica psicólogos e jornalisats de credibilidade indubitávvel mas, incrivelmente, certifica professores que, pior do que os condutores de taxi (pois têm uma carta que lhes vale para toda a vida!) vêem a sua credibilidade destruída, invalidada ao ponto de se aceitar que um pai, mesmo que não tenha concluído o ensino primário, possa opinar sobre pedagogia, avaliação (seja de alunos ou de professores!). Achincalhar a classe docente foi o "cavalo de batalha" de josé Sócrates e do seu primeiro governo populista. Sim, populista porque se apercebeu de que, sendo incapaz de colcoar o país nos carris, se deu conta de que, se achincalhasse os professores agradaria a uma grande maioria de portugueses que, incapazes de ter sucesso enquanto eram estudantes (tal como ele, diga-se, que só depois de subir na política foi capaz de sacar uma carrada de "dezoitos" na univewrsidade Independente que ele mesmo encerrou por suspeitas de corrupção ou de irregularidades!) viram em Sócrates um heroi capaz de lhes curar a frustração recalcada permitindo-lhes vingar-se de um ou outro professor com quem tiveram um qualquer atrito...!).
ResponderEliminarEsta é a triste realidade. Os professores (tal como os judeus levados apra o campo de concentração) foram "crucificados" sem terem cometido nenhum pecado. Apenas se limitam, ano atrás de ano, a mudar de rumoi de acordo com as políticas (essas sim, levadas a cabo por incompetentes, como Maria de Lurdes Rodrigues que crou os Titulares com critérios tão absurdos que nem mesmo ela teria chegado a Titular caso estivesse numa escola a trabalhar!)... Enfim. Não me posso alongar mais. Deixo-vos com esta reflexão. Vêmo-nos em Não Calarei A Minha Voz... Até Que O Teclado Se Rompa !