AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

UM IMPROVÁVEL DIÁLOGO EDUCATIVO

Na primeira reunião promovida pela Professora Sónia, depois de iniciadas as aulas e destinada aos pais e encarregados de educação dos seus alunos do 1º ano, gaiatos de 6 anos, após algumas informações foi aberto um espaço de debate e esclarecimento de dúvidas que os pais pudessem ter.
Depois de alguma hesitação e de se aconselhar com a mulher se deveria falar ou não, o pai do Fábio colocou timidamente uma questão à professora Sónia.
Senhora professora, eu só estudei até à 4ª classe e ao perguntar ao Fábio o que ele fazia na escola, ele disse-me que fazia muitos desenhos. Perguntei-lhe se aprendia a ler e a escrever e a fazer contas e ele disse que ainda não, fazia era muitos desenhos. Acho que na escola também se faziam desenhos mas quando eu era miúdo a gente fazia muitos trabalhos de ler e escrever e contas, não fazíamos tantos desenhos como o Fábio diz que faz.
Sabe Sr. Pai do Fábio, as coisas agora são diferentes, já não se trabalha como antigamente. O desenho é uma actividade muito importante. Repare, estimula a criatividade e imaginação. Desenvolve a coordenação óculo-manual e ao mesmo tempo a motricidade fina. Representa também um importante contributo para o desenvolvimento cognitivo das crianças e estimula a sua capacidade de representação gráfica. Deve ainda considerar-se que a educação visual e, globalmente, toda a área das actividades expressivas são indispensáveis ao desenvolvimento equilibrado das crianças, entende?
Ah, bom, se faz bem a isso tudo, pois …
À saída da reunião o pai do Fábio vinha a perguntar à mulher, ”Percebeste o que a Professora disse?”
Como referi no título, este é um improvável diálogo.

2 comentários:

  1. Improvável diálogo, sem dúvida! Agora levanta-se uma questão: no tempo em que o pai do Fábio ía à escola e não se faziam tantos desenhos, as competências citadas pela Profª Sónia não eram desenvolvidas?
    Então, se calhar, nem desenvolvemos a motricidade fina nem a imaginação...será?
    Não tenho nada nem contra a ciência nem contra o desenvolvimento, pelo contrário! Só acho que pretensão (desconhecimento e incapacidade de perceber o nosso interlocutor), apesar da tecnologia e blá, blá, blá..), é cada vez maior! E agora, se a gente se levantasse da nossa cadeira e nos fossemos sentar na cedeira do outro? Seria mau? Já dizia o povo: deixa-me lá calçar os teus sapatos...

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  2. Eu aprendi com a professora do meu tio, uma senhora de idade e à moda antiga, sempre que a "donha Helena" entrava, nós punhamo-nos de pé, havia respeito e reguadas, em plena década de 1980, em Lisboa! Tenho uma letra manuscrita que é um primor! Verdade! Lindissima! Porquê? Porque não fiz desenhos, nem pinteu, nem fiz ondas ou tracejados, como os meus filhos; fiz caligrafia! era chato? Sim, era muito chato preencher linhas e linhas, naqueles cadernos próprios para caligrafia. Era estúpido? é relativo, porque o objectivo era treinar a motricidade fina e esta ficou mais do que treinada. Hoje posso dizer: não há quem não inveje a minha letra! BW

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