AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O VÉU

Nos últimos tempos desencadeou-se um grande alarido sobre a utilização do véu. Algumas vozes acham bem que se proíba enquanto outras, naturalmente, estão a favor da utilização do véu. Tenho sempre alguma prudência quando se trata de legislar valores e direitos individuais mas também me parece que andaríamos melhor se não se utilizasse tanto o véu pelo que veria com simpatia a abolição do seu uso.
As lideranças políticas deveriam ser impedidas de usar o véu com que vêem a realidade, descrevendo-a de uma forma que o cidadão comum não a encontra no dia a dia. Também não poderiam usar o véu populista com que vendem promessas que sabem não poder cumprir. É claro que não se serviriam do véu para mascarar comportamentos e decisões lesivas do bem comum.
Também nós cidadãos comuns abandonaríamos o véu com que olhamos para muitas pessoas à nossa volta e que nos impede de perceber o quanto sofrem para viver decentemente. Sem o véu ficaria bem mais nítida a situação de miúdos e velhos, grupos sempre mais vulneráveis, e seríamos obrigados a ver mesmo.
A comunidade teria certamente um ambiente mais saudável sem o véu que torna a impunidade uma regra e não a excepção.
Sem o véu do preconceito seríamos pessoas mais parecidas, mais nítidas, mais focadas.
Nesta perspectiva, parece-me claro que a abolição do uso do véu é mesmo uma ideia que justifica reflexão.

3 comentários:

  1. De facto, vivemos numa sociedade "velada"! Respeito o véu cultural (sem dúvida), mas nunca, nunca, o facto de colacarmos véus confortáveis para ignorar o obvio! Uma das heranças que o meu pai me deixou, felizmente, foi o de chamar o boi pelos nomes, sem véu! nem que isso implique chamar mesmo merda a um monte de merda (há que chame flor)!

    Ana

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  2. Adoraria ver abolido o véu que todos usamos para ignorar o estado deplorável em que se encontra a justiça Portuguesa, onde cada vez mais os ricos são impunes de todos os crimes que pratiquem, onde se vai preso por roubar um pão para comer mas não por roubar um milhão, onde os presidentes dos grandes grupos económicos gerem o Pais em "low profile", onde todos os politicos governam para esse fim, o agradar a quem lhes vai garantir um bom cargo numa das suas empresas como agradecimento por uma governação e legislação favorável.
    Devíamos todos retirar o véu que não nos permite ver o estado de pobreza em que vivem muitas famílias portuguesas, muitos reformados que depois de uma vida de trabalho não têm uma pensão que lhes permita subsistir dignamente, tendo que escolher entre medicação ou alimentação. Devíamos retirar o véu que não nos permite ver para alem do nosso nariz, se todos ajudássemos com o mínimo de que podemos bem prescindir, para auxilio daqueles que se encontram em maior dificuldade, o mundo seria um sitio muito mais bonito onde viver.
    Utópico? Apenas porque nós queremos. . .

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