AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

É UMA CASA PORTUGUESA COM CERTEZA

Não acredito. Nunca pensei que o esforço de normalização fosse tão longe. Para além de tudo, choca-me que seja um de nós a combater o nosso património. Então não é que Luís Mesquita Martins, gestor de uma empresa portuguesa, vai desencadear uma campanha contra as nossas queridas marquises que tanto trabalho e horas de escolha nos custaram. Que terá o senhor contra as marquises? Algum traumatismo de pequeno que só Freud explicará? Será que está assolado com o vírus da inveja? Eventualmente habitará uma daquelas casas que não permitem o “upgrade” da marquise e então a ridícula vingança sobre quem, após porfiados esforços, se revê feliz numa lindíssima marquise.
Não pensa certamente no bem-estar das famílias com a casa marquisada. Onde passarão a enfiar o divã onde dorme a sogra? Onde colocarão aqueles dois maples em napa, por acaso muito jeitosos e a televisão em cima da mesinha com um naperon, ao lado da jarra com flores de plástico e com o quadro do menino com a lágrima no olho na parede em frente. É neste espaço que o dono da casa vê descansado o futebol. O autor da ideia fala da possibilidade de utilizar toldos em vez de marquisar a casa. Mas as nossas casas são alguma esplanada ou quê? Fala da questão estética pela diversidade. Mas a diversidade é um espelho da natureza e uma forma de combater a monotonia do sempre igual.
E também é contra os estendais. Não percebo. Os estendais são uma excelente base para as relações de vizinhança. Quantas informações não se trocam sobre a vida do bairro enquanto se estendem as cuecas? A roupa pinga, claro que pinga, é água limpa, lava os passeios e refresca eventuais ideias apanhadas na queda. Convém não esquecer que o estendal é amigo do ambiente, consome energia limpa, eólica e solar, ao contrário da poluente e mais cara máquina de secar.
Não, definitivamente, tirem isso da ideia, não mexam nas nossas queridas marquises, fazem parte de nós, de uma casa portuguesa.

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