AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 15 de junho de 2008

ESTAVAM LÁ TODOS

Por razões de consumo, tive de me deslocar à grande (mesmo grande) superfície comercial da minha zona, o Almada Fórum. Embora o dia não estivesse particularmente apelativo para a praia, pensei que a visita fosse mais tranquila. Estava cheio e encontrei lá toda a gente. Deixem-me apresentar algumas das pessoas com quem me cruzei.
Uma primeira referência para o Quimzé e a Adélia. Estavam, na altura a comprar uns gelados e ele apressava-a porque ainda queria ir ver o jogo da selecção a casa do irmão que tem um plasma grande. O Quimzé, rapaz com uma barriguinha bem composta, usava uma camisola de Portugal, bem justa, de modo a fazer sobressair os volumosos abdominais e em cima da qual brilhava um fio de ouro com crucifixo, para além do telemóvel. Com um belo bigode, o Quimzé, tinha uns calções vermelhos e havaianas pretas a condizer com a sua bolsa a tiracolo. Já a mulher, a Adélia, com uma linda t-shirt com a bandeira portuguesa, dois números abaixo do necessário, e uma saia de ganga curtinha, passeava um lindo pneu entre o fim da camisola e o princípio da saia. Para além das havaianas brancas, usava o telemóvel ao qual gritava, para uma tal Ivone, que estava a comer um “serivete” de baunilha muito bom. Vi também o Tolicas e o Cajó. De argolas na orelha, com as suas impecáveis t-shirts sem mangas, bem justas, calças brancas e ténis baixinhos pretos, com as chaves do carro penduradas ao pescoço e umas correntes a segurar a carteira, iam a falar do carro que o Beto do tunning tinha transformado, um Punto com vidros fumados, uma ponteira de escape larga e aileron no tejadilho e que ficou cá com um assobio. Vi também o Sr. Silva, homem já reformado que passa o tempo a avivar memórias olhando para as miúdas que ali circulam. Encontrei também aqueles putos de calças a cair e que vão a caminho da Fnac ver a secção dos jogos e lá passar a tarde. Foi também curioso verificar a quantidade de casais que, em frente das montras, parecem fazer planos para uma vida que tarda em arrancar. É engraçado registar a quantidade de gente, velhos e novos, que por ali anda sem parecer ir ou vir de lado algum. Será pela temperatura ambiente? Também me cruzei com alguns daqueles putos negros de calças largas, com o capuz do blusão largo a tapar a cabeça e que, ostensivamente, trazem um segurança atrás. Finalmente, por hoje, uma referência à quantidade de putos pequenos que transformam os corredores do centro num parque infantil. As montras, parecem produzir o mesmo efeito nos pais.

2 comentários:

  1. Em todas as cidades, grandes ou pequenas, tem de haver um "passeio dos tristes". Recordo que na Beira (Moçambique) o passeio dos tristes era a marginal, desde a Ponta Geia até ao Macuti. Infelizmente, para a grande maioria dos portugueses o passeio dos tristes é cada vez mais entre as quatro paredes de um "shopping" qualquer, onde (ainda) não se paga para entrar. Nem para olhar as montras. Nem para sonhar...

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  2. A sua faceta observadora é fantástica, devia fazer um texto do género sobre a nossa faculdade.

    Abraço
    A.C.

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