AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

SALÁRIOS ATRASADOS, SALÁRIOS ADIANTADOS

Lamentavelmente todos conhecemos o elevado índice de desemprego que nos afecta. No entanto, nem todos conheceremos o efeito devastador que numa família pode ter o desemprego de um, ou mais dos seus membros. Perceber que se tem cada dia para sobreviver e não para viver, que alguém que depende de nós não vai ter o que precisa porque não podemos, é trágico e exige um esforço e capacidade de luta que nem toda a gente é capaz de desenvolver. Esta situação deveria, em qualquer circunstância, constituir a maior preocupação de quem é responsável pela coisa pública. Nem sempre parece que assim seja.
Esta introdução serve para registar a minha perplexidade com a forma discreta como foi tratada a informação prestada pela Autoridade para as Condições de Trabalho referindo que em 2007 foi apurada a existência de 8 milhões de euros de salários em atraso para além de outras prestações devidas a quem trabalha. Este número é ainda provisório esperando aquela entidade que o resultado final seja bem mais elevado. O país parece tão conformado e triste que esta notícia não despertou, ou eu estava distraído, uma fortíssima indignação e o desencadear de medidas que contribuam para prevenir ou corrigir a facilidade com que se deixa de pagar a quem trabalha.
Não me venham com a conversa da demagogia, mas a indemnização dada pelo BCP ao Dr. Teixeira Pinto, o génio que o serviu durante 2 anos, sim 2 anos, sendo de 10 milhões de euros e mais meio milhão por ano de forma vitalícia, é mais do que o valor já apurado de salários em atraso no ano de 2007. Choldra de país que se rói de inveja por uma situação e não cora de vergonha pela outra.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

OS PAIS NA GESTÃO DAS ESCOLAS

O novo modelo de gestão das escolas proposto pelo ME tem vindo a merecer um acolhimento favorável por parte do Movimento Associativo dos Pais. Esta posição tem sido expressa pela CONFAP, afirmando o seu presidente, Albino Almeida, que “pela primeira vez um Governo pretende a participação dos pais na direcção estratégica das escolas”, “trata-se do maior desafio à participação parental, qualitativa e quantitativamente”, etc.
Quem conhece minimamente o universo das escolas sabe que o nível de participação dos pais na vida escolar, salvaguardando poucas excepções, é baixíssimo e que também as Associações de Pais se confrontam com a fraca participação dos pais e encarregados de educação nas suas dinâmicas de funcionamento, o que não belisca obviamente a sua legitimidade e a imprescindibilidade da sua existência. A participação dos pais na direcção estratégica das escolas, positiva do meu ponto de vista, não se reflectirá substantivamente no que considero essencial, isto é, o envolvimento regular e participado dos pais na vida escolar dos filhos. Esta é que é a grande questão e necessidade, não me parecendo que o pequeno grupo de pais envolvido na Associação e, futuramente, representado na Direcção estratégica da escola, vá assumir grande repercussão naquele envolvimento. Na minha perspectiva, esta representação vai ter mais importância para a gestão dos pequenos poderes do Portugal dos pequeninos, o que constituirá um sério risco de politização da gestão das escolas que o Modelo de Gestão em discussão também parece favorecer. Os pais e encarregados de educação, se mais nada for feito, continuarão longe da vida escolar dos seus filhos. Lamento, mas estou pessimista.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

REMODELAÇÃO. "RESTYLING" OU "TUNNING"

Tinha que ser. Remodelação. Quando se fala de governo de um país podemos assumir dois entendimentos. Por um lado, referirmo-nos ao conjunto de pessoas que exercem a gestão da coisa pública traduzida na tão popular expressão “eles, os do governo”. Por outro lado, pode entender-se governo como a acção de gerir a coisa pública, aspecto obviamente mais importante e a que em politiquês chamamos de políticas governativas. Por isso quando se fala de remodelação do governo seria importante esclarecer em qual das perspectivas se fará sentir, ou seja, remodelam-se as figuras ou, de forma mais substantiva, remodelam-se as políticas. Parece óbvio que em Portugal nos ficamos habitualmente pela parte menor, as figuras. Remodelar as políticas pressuporia, primeiro que se aceitasse a falência ou desajustamento do que tem sido feito, segundo e decorrente do anterior, que o responsável óbvio por essa realização, o primeiro-ministro, assumindo essa responsabilidade entendesse que a figura a remodelar teria de ser a sua, o que é manifestamente uma impossibilidade. Neste quadro, parece-me mais ou menos claro que estamos perante uma cedência pré-eleitoral às vozes da rua e às vozes publicitadas e iremos assistir a uma espécie de “restyling” em política. Se as figuras que entram vierem a evidenciar algumas performances insuspeitas, então teremos uma operação de “tunning”. Estamos no tempo.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O BOTA BOTOU DISCURSO

Podem achar que não é muito importante, mas não posso deixar de referir.
O Bota botou discurso. É verdade, a inenarrável figura de poeta pimba e organizador de almoços políticos fez no passado sábado, em mais um jantar, claro, um discurso sobre o estado da nação. A figura resolveu, num atentado a muita gente que se bateu para que ele pudesse dizer as aneiras que entende, afirmar que “via grandes semelhanças entre os Governos de Sócrates e Salazar” e ainda comparou a ASAE com a PIDE. Se por acaso a figura tivesse meia dúzia de neurónios escondidos no capachinho, perceberia a enormidade do disparate. Talvez a intenção do rapaz fosse impressionar o Alberto João, o convidado de honra do jantar e também um conhecido entertainer embora já com o estatuto de inimputável. Talvez o repasto tenha sido de pouca qualidade por falta da visita prévia da ASAE e o Bota tivesse um bocadinho … mal disposto. Ou então esqueceu-se de convidar o Cunha Vaz da agência de comunicação para lhe fazer o discurso e pronto, quando o Bota abre a boca, ou entra mosca, ou sai asneira. Ao menos que o Bota cantasse, o pessoal sempre se ria.

domingo, 27 de janeiro de 2008

AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO NO PSD. COMUNICAR O QUÊ?

O Portugal dos Pequeninos tem andado agitado com a agência de comunicação que o PSD, aliás o Dr. Menezes, terá contratado para cuidar do partido. O menino guerreiro, o Dr. Santana Lopes, recusou os serviços da agência, aceitando, parece, a sua colaboração apenas para tratamento e arquivo de informação. Com é óbvio, um homem tão mediático, de há muitos anos presente na comunicação social só pelo simples facto de existir e dizer umas “coisas”, pois outras artes não se lhe conhecem, não precisará de agência para tratar da sua comunicação. Esta novela mexicana, como lhe chamou o Dr. Menezes não deixa de ter contornos curiosos. Primeiro, a agência, por mais competente que seja, vai ver-se aflita para perceber o que quer o Dr. Menezes comunicar. Até ele próprio. Segundo aspecto, só a notícia da existência do contrato colocou o PSD na agenda da comunicação social. Não é assim um motivo muito interessante mas é o que se pode arranjar. Terceiro aspecto. O Governo já leva dois anos de avanço nesta matéria pelo que a sua experiência é grande, como temos oportunidade de constatar amiúde, veja-se o exemplo do tratamento dado ao Programa Novas Oportunidades. Último aspecto, estando toda a gente a discutir como se deve tratar a comunicação, estranho a ausência dos jornalistas neste debate. Não acredito que muitos destes profissionais lidem tranquilamente com a ideia de que existe algo ou a alguém, fora das opções editoriais, éticas e deontológicas, que modula o seu trabalho.
Entretanto o país não pára, os problemas são mais que muitos e o Partido que quer ser uma alternativa de confiança anda entretido nisto. O PS agradece.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

PROFESSORES E AUMENTO DE PESO

Saudades deste lume de chão no meu Alentejo.
Uma sondagem da Gallup para o Fórum Económico Mundial de Davos, revela que os professores constituem o grupo profissional que mais confiança inspira aos portugueses. Isto é afirmado por 42% dos inquiridos. O grupo que menos confiança merece é, surpreendentemente, o dos políticos com apenas 7%. Estes dados são genericamente concordantes com os que foram observados nos restantes países envolvidos neste estudo de âmbito mundial. Ao que consta, a sondagem em Portugal não terá sido realizada inquirindo os presentes numa manifestação da Fenprof à frente do Ministério da Educação na 5 de Outubro como, também consta, o Dr. Vitalino Canas queria afirmar numa conferência de imprensa a convocar para o efeito. Um estudo hoje apresentado numa reunião científica em Lisboa evidencia que se mantém a tendência para os portugueses aumentarem de peso. Esta situação acentua-se nos últimos anos tornando o excesso de peso num problema de saúde pública. Com o ultra optimismo militante que caracteriza a maioria, o Dr. Vitalino Canas pode aproveitar a conferência de imprensa que estaria para ser convocada sobre a sondagem da Gallup, para anunciar o cumprimento de mais uma promessa, perdão, a realização de um milagre. O Governo conseguiu, a propósito da presidência da UE, aumentar o peso do país mobilizando o esforço individual de milhões de cidadãos que apoiam a sua política. O Dr. Jorge Coelho na próxima Quadratura do Círculo também não deixará de sublinhar, digamos, mais este sucesso, digamos, da política, digamos, deste Governo, digamos.

FOI SEM QUERER

Olhei.
Não me viram.
Disseram. Foi sem querer.
Chamei.
Não me ouviram.
Disseram. Foi sem querer.
Pedi.
Não me deram.
Disseram. Foi sem querer.
Gritei.
Não se calaram.
Disseram. Foi sem querer.
Chorei.
Não me secaram.
Disseram. Foi sem querer.
Perdi-me.
Não me procuraram.
Disseram. Foi sem querer.
Parti.
Não me seguiram.
Disseram. Foi sem querer.
Não desisti.
Fui sem querer. Ser.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

O LEITE, A ESCOLA DA CÂMARA E OS COMPRIMIDOS

Três notas sobre a actualidade.
O leite vai subir cerca de 15.6%, 10 cêntimos por litro. Razão mais apontada, o abaixamento da produção. As causas mais referidas pelos produtores para este e abaixamento remetem para o aumento dos custos de produção e a carga enorme de burocracia e dificuldades no licenciamento de explorações, que leva ao abandono de milhares de pequenos produtores e a uma fraca atracção pelo sector para novos investimentos. A PAC deve ser isto.
As autarquias vão receber mais competências no sector da educação. Ficarão com a tutela das escolas até ao final do 3º ciclo, 9º ano. Independentemente da bondade, maior ou menor, da medida, a educação é uma área sempre interessante para as autarquias devido ao fortíssimo impacto que o sector para o cidadão, o eleitor. Parece que as autarquias ficarão com o pessoal não docente e o ME com o pessoal docente. Sendo a gestão da responsabilidade de um docente, teremos dois grupos de profissionais com duas tutelas administrativas sob uma liderança funcional. Como é que as autarquias gerirão as escolas se não têm responsabilidade total sobre quem nelas desempenha funções? Os professores ficarão numa estranha espécie de “outsourcing”, ou seja, toda a estrutura é das autarquias menos o corpo docente. Que implicações terá ainda esta extensão das competências em educação, em muitas autarquias que parecem ter como prioridade a construção e manutenção de rotundas?
Parece que a maior resistência à utilização da unidose em alguns medicamentos e patologias vem da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica. A medida terá um importante impacto, comprovado por estudos do Instituto de Qualidade na Saúde e da Associação Nacional de Farmácias, nos custos para utentes e Estado. Estranha a resistência da APIFARMA? Não, a saúde não é um serviço e um direito, é um negócio.
Síntese. O pessoal vai dedicar-se a beber os sumos “de plástico” sem qualidade mas baratos, o pessoal na escolaridade obrigatória vai poder voltar a dizer “anda na escola da câmara” e o médico diz-me para comprar uma caixa com 50 comprimidos e para tomar dois por dia durante três dias. Está certo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

PODEM POLUIR, AINDA SÃO POBRES

De acordo com o novo pacote energético e ambiental agora aprovado pela União Europeia, Portugal é o único país, dos primeiros quinze membros, com autorização para aumentar a emissão de gases poluentes, designadamente de CO2. O critério foi o PIB, isto é, como ajuda ao nosso (mau) modelo de desenvolvimento os parceiros europeus assumirão alguma condescendência em termos ambientais.
Resumindo, como são pobrezinhos podem fazer … gases. Dito de outra maneira, a pobreza polui.

NÃO ME REFORMO

Está decidido. Não me reformo. Reformem-me. Um estudo realizado pela Axa revela que, para a maioria dos portugueses, pensar na reforma é o “mesmo que pensar em dificuldades e pobreza”, excepto claro para boys bem colocados, administradores da banca e empresas públicas e carreiristas políticos. Não faço parte destes grupos, sou dos que vão ter uma pensão bem inferior ao último salário. Assim, não me reformo e mantenho, espero, o mesmo salário. Bem, não é o mesmo uma vez que o atraso na retoma, uma inflação que deve ser da oposição pois está sempre contra o governo e aumentos adiados porque vêm a reboque da retoma, levam à perda do famoso poder de compra. Não me reformo. Em Portugal as reformas são em termos médios as mais baixas da UE a 15, 646 €, e apenas mais altas que as dos checos e húngaros nos 26 países estudados. Entre o rendimento médio e as necessidades médias, 755 €, os portugueses têm um défice de 109 €, pelo que 81% precisam de apoio material e 70% de apoio financeiro de familiares. Como os velhos estão cada vez mais sós, isto quer dizer que não têm o suficiente para viver com um padrão mínimo de qualidade de vida. Não me reformo.
O problema é se os meus cuidados, o estilo de vida que a ASAE me quer impor e a excelência da política de saúde do governo me vão levando vivo muito mais tempo. Bom, veremos. Até lá vou ver se consigo ir compondo a PPR. Mas poupar também não é nada fácil. Isto é que está aqui um enleio, diz-se no meu Alentejo.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

EXAME AOS PROFESSORES

O Estado, através do MCTES, tutela a formação de nível superior, universitária ou politécnica, pública ou privada, disponibilizada ao cidadão. Esta tutela implica a avaliação da qualidade científica, organizacional e pedagógica desses estabelecimentos. Assim sendo, estando os estabelecimentos em funcionamento regular, os indivíduos neles formados devem ver reconhecida socialmente a sua formação. Se o estado duvidar da qualidade deve exercer as suas funções avaliativas e reguladoras junto desses estabelecimentos impondo, se for o caso, os necessários ajustamentos ou até o encerramento. Esta a introdução vem a propósito da publicação do normativo que institucionaliza a existência de um exame para os professores. A situação é mais ou menos esta. O Zé ou a Maria frequentaram um estabelecimento em que o estado, ao manter em funcionamento, cauciona os padrões de qualidade global e aí obtiveram a sua formação para o exercício da formação docente. Estranhamente (ou talvez não), o mesmo estado parece duvidar da formação que sob a sua responsabilidade é ministrada e monta um dispositivo de exame com três provas para se assegurar de que os professores sempre podem ser professores. Estranho? Não, fraqueza. O caminho da imprescindível busca de qualidade na profissão docente só pode ter duas vias. Primeira, a avaliação séria e competente dos estabelecimentos de ensino superior em termos científicos, pedagógicos e organizacionais. Segunda, a avaliação de desempenho dos docentes de forma séria, competente e com medidas quer de discriminação positiva, quer de dispositivos de apoio à mudança e à melhoria com todas as consequências em aberto. Uma prova tal como está pensada é um fingimento, mais um.
No entanto, se este for o caminho, relembro o que aqui já tinha escrito. Os candidatos a políticos devem também ser submetidos a três provas com a estrutura seguinte, paralela à definida para os professores.
Exame escrito de Língua Portuguesa avaliando o “domínio escrito da L.P. tanto do ponto de vista da morfologia e da sintaxe, como da clareza da exposição” e organização de ideias, além da “capacidade de raciocínio lógico”.
Exame escrito de competências técnicas e científicas envolvendo entre outros conteúdos: capacidade elaboração de promessas a partir de um tema, capacidade de comentar demagogicamente um texto, elaborar cinco opiniões diferentes a partir de um facto, citar, de forma organizada, dois nomes reconhecidos nas áreas económica, cultural e política, etc.
Exame oral em que se avalia o domínio de uma língua estrangeira para além do “portunhol”, a capacidade de elaboração de uma apresentação em “powerpoint” em três versões sobre um tema e, finalmente, a competência para defender uma ideia e o seu contrário no tempo limite de cinco minutos.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

PODER DE COMPRA

Embora ausente o Expresso continuou reservado. Tenho alguns comportamentos aditivos de que me não livro. A leitura a destempo informou-me de algo que apenas o Governo parecia duvidar. Os funcionários públicos estão a perder poder de compra desde 1999, sendo que os professores são, juntamente com os diplomatas, os mais penalizados, 12% do vencimento bruto salarial. Posto isto de outra forma, poderemos dizer que uma parte bem significativa dos adultos do país perderam poder de compra sendo os educadores os mais afectados. E os putos? Estou à espera dos estudos mas a minha percepção é que com eles aumentou fortemente o “poder da compra”, isto é, os pais estão a tentar comprar os filhos encharcando-os com “presentes” sem futuro e os putos aproveitam e exploram a culpa e fragilidade de muitos pais. O resultado disto vai jogar-se no equilíbrio entre o risco da intoxicação com o desperdício e a falta de bens essenciais que não advêm da compra mas da troca, ou seja, tempo e atenção. Destes bens é que todos estamos a perder “poder“de dar e de ter, ou, sinais dos tempos, de compra.

IR E VOLTAR

Há muitos anos que afirmo, “adoro sair, só para ter o prazer de voltar”. É verdade. Aproveitando as vantagens da concorrência e as oportunidades que as companhias aéreas “low cost” trouxeram para o mercado, fui a Berlim, cidade que não conhecia. Um fim-de-semana frio e chuvoso numa cidade organizada e bonita. Partilharei alguns “postais”. Mas a verdade é que o solzinho de Lisboa, a luz e quentura que nos empresta são irrepetíveis e um aconchego. Mesmo com os pequeninos que cá no burgo todos os dias parecem acordar só para nos arreliar. Mesmo com uma rapaziada que, mascarados de políticos, querem convencer-nos com um ar sério, que nos governam, ou que são a melhor opção para nos governar. Mesmo com o grande, melhor, o único, perdão, com mais dois, mas o mais completo, inclusivamente o mais estudioso, ou seja, o mais genial filósofo / analista / comentador / politólogo / tudólogo, o grande Pacheco Pereira, sem o qual o ministro Lino, em qualquer local que plantasse o aeroporto, acertaria no deserto. Mesmo com alguns excessos da ASAE.
Não há nada a fazer. Gosto desta terra.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

EFICÁCIA

A eficácia das nossas instituições continua em bom nível. Vejamos o caso de autarquias e da Justiça.
O presidente do EUROJUST, um órgão europeu de cooperação judiciária, afirmou no Parlamento que Portugal é conhecido naquele órgão como o país das burlas e fraudes fiscais, sobretudo relacionadas com o IVA.
O Eng. Carmona Rodrigues e alguns elementos da sua equipa na CMLisboa estão acusados do crime de prevaricação no negócio da permuta de terrenos da Feira Popular e do Parque Mayer envolvendo a Bragaparques. Este negócio terá prejudicado a Câmara em dezenas de milhões de euros.
O antigo presidente da Câmara do Porto, Nuno Cardoso, está acusado do mesmo crime envolvendo uma urbanização ligada a interesses do Boavista.
No que respeita à Justiça, sabendo nós como ela funciona não deixa de ser surpreendente saber que em Portugal existem 43.01 tribunais por milhão de habitantes e na Alemanha 13.20. Temos 14.9 juízes por cem mil habitantes enquanto a Espanha tem 9.82. Em Portugal existem 115.43 funcionários judiciais por cem mil habitantes, a Espanha tem 102.8 e a França tem 73.25. Imaginem o atraso e as dificuldades no sistema de justiça dos países comparados.

Nota – Até a Força Aérea me surpreende com o grau de eficácia. Na zona de Penamacor, em exercício de voo rasante terão assustado as pessoas, causado alguns danos em habitações e, fantástico resultado, parece que conseguiram matar uns coelhos de ruído ou susto. E é só um exercício.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

ESTADO SOCIAL, COMO NÃO?

Segundo o relatório Destaque ontem divulgado pelo INE, link em baixo, a taxa de risco de pobreza baixou 1% de 2005 para 2006, o que corresponde a 18%. Uma análise um pouco mais fina permite perceber que as mais altas taxas de risco de pobreza são de famílias monoparentais, 41%, de pessoas sós com mais de 65 anos, 40% e de famílias com mais de duas crianças, 38%. Estes valores como pode verificar-se são mais de duas vezes superiores ao da população total. Mantém-se o enorme fosso entre a população com rendimentos mais elevados e os mais favorecidos, ou seja, os primeiros auferem 6,8 vezes mais que a população com rendimentos mais baixos.
Se for considerado apenas o rendimento obtido pelo trabalho, capital e transferências privadas, o risco médio de pobreza para a população portuguesa seria de 40%, um número impressionante. Se acrescentarmos as pensões de reforma e sobrevivência a taxa de risco passa para 25% e se for acrescentado o rendimento de transferências sociais que envolvem doença, incapacidade, apoio à família, desemprego e inserção social, a taxa de risco baixa para 18%, isto é, as transferências sociais têm um impacto de 7% na taxa de risco de pobreza. Neste quadro, tenho dificuldade em entender como por vezes se discute o estado social, se defende a minimização do papel do estado na área social e se contestam políticas sociais que podem, devem, ser discutidas nos seus conteúdos e processos, mas não na sua necessidade.
http://www.ine.pt/portal/page/portal/PORTAL_INE/Destaques?DESTAQUESdest_boui=11230479&DESTAQUESmodo=2

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

ESTA DELIRANTE PÁTRIA

O desaparecimento recente de duas figuras ligadas ao surrealismo português, Luiz Pacheco e Fernando José Francisco, não impede que o quotidiano em Portugal evidencie a herança surrealista numa versão quase delirante.
Num comunicado publicado na imprensa o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários apela veementemente ao voto numa das listas concorrentes à Administração do BCP o que aliás os subscritores do comunicado farão. Um sindicato?
Ainda sobre o mesmo tema, o indecoroso processo do BCP, o Dr. Cadilhe depois de uma baixíssima votação na sua lista, pouco mais de 2%, afirmou que ganhou. Com 2% contra 97.76%, ganhou?
Numa publicidade televisiva a uma escola de línguas, Wall Street Institute, um alucinado martela furiosamente dois bifes que entretanto gritam. Alguém conclui que é importante aprender a língua dos bifes. A sério?
Desde Maio de 2006 que os veículos pesados são obrigados a utilizar um instrumento, o tacógrafo digital, que controla velocidade e tempos de repouso. As autoridades policiais não possuem os meios necessários à fiscalização de tais aparelhos. Fantástico.
O impagável Alberto João afirma que só se bate pela autonomia mas caso o superior povo madeirense deseje a independência, lá estará ao seu lado. Eu faço força.
Não percebo como existem pessoas que nos acham cinzentos.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

PAIS QUE SOFREM, CRIANÇAS QUE SOFREM

O DN aborda hoje uma questão que começa a ser preocupante pela frequência. Trata-se da utilização dos filhos como “arma” em situações de divórcio. Os estudos na área da sociologia familiar têm vindo a evidenciar um aumento do número de divórcios que parece ligado, entre outras razões, a alterações na percepção social da separação, menos “punitiva” e “culpabilizante” para os envolvidos. Estará criar-se assim uma situação mais favorável, até do ponto de vista legal, à facilidade do processo de divórcio o que poderá levar a decisões, cuja bondade não avalio, que podem ser apressadas, não assumidas por ambos e não antecipando a necessidade de minimizar eventuais impactos, sobretudo quando existem filhos. Neste quadro, podem emergir nos adultos, ou num deles, situações de sofrimento, dor e/ou raiva, que “exigem” reparação e ajuda. Muitos pais lidam sós com estes sentimentos pelo que os filhos surgem frequentemente como “tudo o que ficou” e o que “não posso e tenho medo de também perder”. Poderemos assistir então a comportamentos de diabolização da figura do outro progenitor, manipulação das crianças tentando comprá-las (o seu afecto), ou, mais pesado, a utilização dos filhos como forma de agredir o outro. Estas situações, mais ou menos graves, solicitam, no entanto, uma enorme prudência na forma como são olhadas. É obviamente imprescindível proteger o bem-estar das crianças mas não devemos esquecer que, em muitos casos, existem também adultos em enorme sofrimento e que a sua condenação, sem mais, não será seguramente a melhor forma de os ajudar. Ajudando-os, os miúdos serão ajudados. Quero por fim sublinhar que, por princípio, prefiro uma boa separação a uma má família.

DEPOIS DAS BURRICES, OS BURROS

Notícia do DN. No Algarve está em desenvolvimento um projecto de utilização dos burros como forma de atrair turistas. Depois de tantos anos de burrices que quase arrasaram o Algarve, só faltava mesmo a utilização dos próprios burros. Coitados destes, que não foram eles e vão levar com os turistas ao lombo.

domingo, 13 de janeiro de 2008

AFINAL ESTOU EM CASA

O frio, vento e chuva transformaram este Domingo num dia cabaneiro, como se diz no meu Alentejo. Bom para estar em casa, perto do lume e, sinais dos tempos, com o portátil à mão. Comecei a alinhavar umas notas mas a quentura e a preguiça adormeceram-me um pouco. Lembro-me que queria referir-me a uma situação curiosa, em que um antigo Ministro negociou como uma empresa a que agora preside, um contrato que garante a essa empresa a exclusividade de exploração de todas as pontes que venham a ser feitas servindo a capital do país. Lembro-me de pensar referir o facto interessante de os elementos de uma estrutura de fiscalização de Segurança Alimentar e Económica receberem treino militar. Lembro-me de querer comentar o facto de os chefes militares do país que integram um órgão constitucional, Conselho Superior de Defesa Nacional, discordarem da entrega da declaração de património e rendimento. Também tinha pensado registar a existência de centenas de indivíduos presos que são obrigados a utilizar o balde higiénico. Ainda me lembro vagamente de querer escrever sobre a situação de um rapaz que mendiga desde os 4 anos, tem 15, e o Ministério responsável por estas situações entender que a responsabilidade é de uma estrutura, Santa Casa da Misericórdia, que, por sua vez, entende não ter competência para intervir. De repente, acordei desta espécie de sonho em que, procurando o Verão, viajava por um qualquer país da América do Sul de que não me lembro o nome. Estava onde sempre estive, no Portugal dos Pequeninos. E agora sem assunto para escrever.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O PAÍS TREMEU

O país tremeu esta noite. Como não? Reparem em algumas referências da imprensa de hoje e fora do âmbito da localização do aeroporto. Segundo a DECO duplicou o número de famílias sobreendividadas. António Costa quer combater o duplo emprego na Câmara de Lisboa e, assim, engrossar o desemprego em vez de estimular o empreendorismo. Dois seguranças profissionais cometem crime violento o que espelha a falta de profissionalismo e confusão de papéis que anda por aí. Entre 2006 e 2007 aumentou quase 21% o número de apreensões de nota falsa. O Ministério da Saúde deixou, parece, sem controlo a dívida à indústria farmacêutica num evidente exemplo de falta de saúde financeira. O estado vendeu em 2007 por 3.4 milhões de euros a uma empresa do ex-sócio do Ministro da Justiça, António Lamego, irmão de uma figura do PS, José Lamego, o edifício de uma antiga prisão. O edifício tinha custado 4 milhões em 1998. Bom negócio. Parece estranho mas deve haver certamente uma excelente justificação e a defesa de que é tudo legal e o resto são minudências éticas e invejinhas de quem não tem tanta competência empresarial. Finalmente, na Madeira o PCP e o PSD coligam-se na tentativa de referendar o Tratado de Lisboa. Isto pode querer dizer que o Dr. Alberto João considera a hipótese de abandonar a ideia de independência e posterior tentativa de adesão à EU. Aí eu já estaria por tudo. Se levámos com os gémeos polacos, também podemos levar, como até aqui, com o Alberto João. Só me admira como o país não treme mais.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

HABEMUS AEROPORTO

Duas notas do Portugal dos Pequeninos. O fumo branco confirma, habemus aeroporto. A decisão foi comunicada pelo chefe, como as grandes ocasiões exigem. Vai ser em Alcochete. Em maus lençóis ficou o grande entertainer Mário Lino que viu esfumar-se a opção Ota, apesar do seu “compromisso pessoal” e de considerar que o aeroporto na margem sul seria uma “obra faraónica” sem justificação porque não serviria mais do que o “deserto”. Naturalmente que o Primeiro-ministro tenta branquear ou disfarçar os disparates do ajudante, Fica-lhe bem, mas não o faça à custa do entendimento de que o povo é burro e não percebeu o iluminado Lino. Devo dizer que, com os dados disponíveis, a decisão parece acertada.
As dúvidas, poucas, que existiriam sobre a competência para administrador do Dr. Vara começam a desaparecer. O senhor é Administrador da CGD, propõe-se ir administrar o BCP, não tem a certeza se consegue, pede uma licença sem vencimento na CGD e assegura sempre o seu job. O procedimento é legal e trata-se de uma situação muito parecida com a de umas senhoras que asseguravam há muitos anos serviços de limpeza em instalações da PSP, com recibo de vencimento e processando descontos. É que receberam agora, uma delas em situação de baixa por acidente de trabalho, uma carta de despedimento, sem justificação e, ao que referiram, sem a certeza de poderem aceder ao subsídio de desemprego. Sugiro-lhes que se dirijam ao Dr. Vara para aprenderem como administrar a sua vidinha e estar sempre resguardado. O PS já assegurou que é legal. Ética, pudor e princípios são pormenores que não podem inibir uma sociedade moderna, um governo reformista, a globalização, o progresso, blá blá blá blá.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

VAI SER MAIS FÁCIL APANHAR A ONDA CERTA

Uma pequena notícia do JN abre uma enorme janela de oportunidades e justifica todos os discursos que exigem o reforço do investimento em I&D. No âmbito da realização de uma Dissertação de Mestrado no Instituto Superior Técnico, Nelson Silvestre elaborou um modelo de análise e previsão das condições de prática de surf. Esta notável ferramenta será um poderoso auxiliar no desenho das carreiras políticas em Portugal. Como sabem, o acesso e progresso nesta carreira, mais do que nos méritos pessoais e profissionais, assenta muito frequentemente na capacidade e oportunidade de apanhar a onda certa e na competência para fazer essa escolha em cada momento de forma a garantir, tanto quanto possível, a manutenção no lado certo da onda.
Imaginem um modelo de análise que permita gerir facilmente dúvidas como, aposto na Ota ou em Alcochete? Entro para que Jota? Referendo ou não? Menezes ou Rio? Adiro ao PS ou ao PSD? Será melhor começar uma autarquia ou por uma concelhia? De quem é que devo dizer bem lá na empresa? A que almoços de apoio é que devo ir? etc. etc. Talvez nem o autor do modelo tenha previsto todas as suas enormes potencialidades.

A EUROPA DOS CIDADÃOS. DE QUAIS?

Em termos práticos o efeito é o mesmo. O bloco central, nas urnas ou na Assembleia, seria sempre favorável ao Tratado de Lisboa. A via parlamentar tem a vantagem da economia de custos e procedimentos. Nos tempos que correm não é despiciendo. O pormenor do compromisso assumido pelo PS de referendar a opção europeia, na altura o Tratado Constitucional, não passa disso mesmo um pormenor, e um equívoco. Um pormenor, porque, como sabem, isso de compromissos e promessas no Portugal dos Pequeninos não são coisas a que se deva dar importância. É também verdade que os nossos parceiros europeus, os do costume, terão explicado ao Senhor Engenheiro que o referendo poderia ser um grãozinho na engrenagem da construção europeia, projecto que naturalmente não pode sofrer sobressaltos desta natureza, mas isto de decisões soberanas é outro pormenor. Um equívoco porque, como muito irritadamente explicou o Senhor Primeiro-ministro, ele comprometeu-se a referendar o Tratado Constitucional, não o Tratado de Lisboa, instrumentos que “não têm nada a ver” como é óbvio. Pois. A Europa dos cidadãos? De quais?

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

FOI-SE O PACHECO

Discretamente como nunca viveu, morreu Luiz Pacheco, um dos que não se tornou um Incaracterístico habitante da Absurdidade, na notável formulação de António B. Vieira. Intencionalmente esperei algum tempo para ver se me enganava. Não. Não me enganei. Umas notas apressadas sobre os aspectos mais folclóricos da sua passagem pela vida, um trabalho antigo da RTP a justificar o serviço público e alguns depoimentos de natureza litúrgica como a circunstância exige.
Relembro o aqui escrevi sobre a morte de Eduardo Prado Coelho. “Agora que tudo acabou podemos reparar como em um dia, um só dia, Eduardo Prado Coelho se tornou uma unanimidade. Bastou que morresse, receita simples. Um homem que cultivou a polémica não vai poder comentar como certamente o faria. Não foi merecedor desta podre elegia. É o Portugal de (alguns) pequeninos.”
O próximo?

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O BOM POVO PORTUGUÊS E AS TRADIÇÕES

Nos últimos tempos e a propósito de algumas intervenções da polícia de costumes, a ASAE, tem-se falado imenso de respeito pela cultura, tradições e, sobretudo, de bom senso e sensatez. Vem isto a propósito da tradição da aldeia de Vale Salgueiros, Mirandela, sugerir que, durante a época dos Reis, a criançada deve fumar incentivada pelos mais velhos. Em notas de reportagem, soube-se que o Gonçalo de 8 anos já tinha fumado 23 cigarros, ouviram-se pais e avós entusiasmados com as performances dos “piquenos” e, estranhamente, uma mãe afirmou ter começado assim e ficado fumadora. Tradicional e entusiasmante.
No sentido de aumentar o zelo com que o bom povo deve cuidar das heranças, sugiro que, entre outras tradições, considerem a hipótese de manter a discriminação de género pois o lugar da mulher é em casa e se trabalhar fora, deve ganhar menos, é a tradição. O trabalho em casa deve ser também realizado só pelas mulheres porque os homens tradicionalmente não lhe tocam. Para que a tradição seja o que era, uma “carga de porrada” na mulher e nos filhos de vez em quando é bom para que não se esqueçam de quem manda. Deve trabalhar-se de sol a sol e sem direitos como é de tradição. Para bem cuidar da criançada neste tempo de frio, a tradição determina umas sopinhas de cavalo cansado que aquecem que é uma beleza. Se houver alguma dificuldade na escola teremos as tradicionais orelhas de burro já em desuso, vá lá saber-se porquê. Finalmente, a miudagem deve começar a trabalhar de bem pequeno, 9 ou 10 anos no máximo, porque a tradição deve manter-se e um dinheirinho a mais dá sempre jeito para mais umas litradas para aquecimento e uns macitos de tabaco para alimentar a tradição deste bom povo português.

domingo, 6 de janeiro de 2008

O TURISMO É O FUTURO

Duas referências, aparentemente desligadas, deram-me a perceber um futuro possível e viável para o País. Por um lado, o indicador de confiança dos consumidores continua em baixa assente no pessimismo sobre a evolução económica e na situação financeira dos agregados familiares. Por outro lado, soubemos que o ano turístico de 2007 foi o melhor de sempre, com um número superior a 12 milhões de visitantes. Em síntese, parece que somos um local de interesse para visitar mas para viver nem por isso. Neste quadro creio que se justifica uma aposta radical no turismo.
Sob o grande lema SPA – Portugal (Simpatia, Profissionalismo, Atenção) ninguém nos bateria como destino turístico e não só no ALL Garve. Vejam. Com a introdução do inglês no 1º ciclo extraordinariamente bem-sucedida, a comunicação com estrangeiros já não é um obstáculo. Com o sucesso das Novas Oportunidades, os portugueses profissionalizaram-se e o tempo do pano às costas e um palito na boca nos serviços de restauração acabou. Tudo quanto é paisagem interessante passa a PIN (Projecto de Interesse Nacional) e, consequentemente, transforma-se em resort e campo de golfe. Ao mesmo tempo cada turista passa também a ser um PIN (Projecto de Interesse Nacional) daí o ser tratado com Atenção. Temos pobres e zonas degradadas que poderão dar um ar de exotismo permitindo excelentes fotografias em safaris especializados. Temos a Dulce Pontes e o fado. Por fim, somos respeitadores e bem comportados com os estrangeiros e ainda temos uma polícia de costumes a ASAE de uma eficácia inultrapassável que zelará pela qualidade de vida de turistas e empregados, nós.

PS – Temos uns políticos assim para o fraquinho mas podemos prometer que não os deixamos incomodar os turistas, nós já estamos habituados. Pede-se à ASAE.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

A NOVA RELIGIÃO, O SAUDISMO ASSEPTICISTA

A fotografia aqui colocada foi retirada por exigência da autora pelo facto de eu não ter requerido autorização, eram visíveis duas pessoas que fumavam, uma das quais vendedora de castanhas
(Foto de Isaurinda Brissos)

Estão a olhar para dois bons exemplos de espécies em vias de extinção, vendedores de castanhas e fumadores.
Se aceitam um conselho, corram a comprar (estão caras) uma dúzia de castanhas antes que passem a ser adquiridas na secção de congelados das grandes superfícies comerciais, embaladas à unidade, pré-congeladas, pré-assadas e prontinhas a comer com talheres especiais depois de uns minutos de microondas. É que então não haverá maneira de relembrar o sabor.
Quanto ao tabaquito … esqueçam. Obrigado por olharem por nós, os pobres pecadores do saudismo (a saúde é o deus), ramo assepticista, o mais fundamentalista.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

CHAMEM A POLÍCIA

Agora na Guarda. Dando a seguimento à PEC – Política Educativa em Curso, terão sido dispensados cerca de 20 funcionários que, em regime de tarefa, davam apoio às necessidades específicas de crianças com Necessidades Educativas Especiais, em vários casos muito dependentes, que frequentam escolas públicas como é seu direito. A sucessão deste tipo de decisões já não parece analisável à luz de um qualquer entendimento sobre política educativa. Numa de revivalismo lembro-me de uma velha canção dos Trabalhadores do Comércio dos princípios de 80 de título “Chamem a Polícia”. De facto, isto não é um problema de educação é um caso de polícia.

Ainda duas notas do Portugal dos Pequeninos. Primeira, uma senhora faleceu numa urgência hospitalar em Aveiro depois de quatro horas de espera sem qualquer atendimento. A senhora desistiu. Se foi para o céu estará melhor, se foi para o inferno não estranhará. É uma questão de crença. Segunda, o Dr. Ferro Rodrigues, apesar de manifestar o seu apoio genérico às políticas do Governo, lembrou-se de achar, também ele, que sobra arrogância e falta humildade na postura governamental. Logo a voz do dono, o Dr. Canas, se apressou a afirmar que o Dr. Ferro Rodrigues está distante e com uma opinião mal informada. Certo, está em Paris, do outro lado do mundo, completamente isolado numa barraca inacessível barraca chamada OCDE. O meu Faísca é menos sofisticado mas também me defende incondicionalmente.

DO PORTUGAL DOS PEQUENINOS, A CORTINA DE FUMO

O planeamento da acção do Governo é de grande competência. A entrada em vigor da chamada Lei do Tabaco no início do ano é genial e na linha da quadra. De facto, em muitos locais do país o ano começa com fogo-de-artifício de primeira grandeza, que nós não somos de coisas menores, pelo que, a seguir ao fogo-de-artifício, nada melhor que uma cortina de fumo para nublar o impacto da fria entrada no ano novo com os habituais aumentos, a continuidade da política de fechamentos, a retoma que está quase, quase aí mas que tarda em aparecer, o desemprego que ameaça, etc. O país está completamente entretido a fumar à porta ou a comentar o facto de fumar à porta e as discussões obviamente inconclusivas seguem com os argumentos habituais já fora de prazo de tanto uso.
Sobre o fechamento, não posso deixar de citar uma notável apreciação produzida pelo Ministro Correia de Campos, “Os portugueses não estão a perceber a política de saúde do Governo. Se estivessem a perceber eu seria o ministro mais popular em vez de ser o menos popular”. Faz-me lembrar a história do homem que, circulando em contramão na auto-estrada, ouve na rádio um alerta sobre essa situação e pensa, “Estão a dizer que está um tipo na auto-estrada em contramão. Aqui vão todos!”.
A análise do discurso de ano novo do Presidente da República é, como de costume, curiosíssima. Não parecem falar do que o senhor disse. Toda a gente se dedica ao desporto de interpretar o ele terá querido dizer. Naturalmente há “achismos” para todos os gostos.
Em mais uma prova de vida, o impagável Alberto João diz que não participou na cerimónia de passagem da Presidência da UE porque não alinha em piroseiras. Vindo do rei Zulu do Funchal é notável. E assim vai o Portugal dos Pequeninos.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

AGORA OS SANTOS, SANTA PACIÊNCIA

O ano começa bem. Há muitos anos que variadíssimos estudos têm identificado a designação das escolas como uma das maiores causas das elevadas taxas de insucesso e abandono que apresentamos. É, assim, de saudar a sábia orientação ministerial de acelerar a renomeação das escolas, eliminando referências de natureza religiosa, obviamente incompatíveis com um estado laico e além disso fomentadoras de dificuldades de ordem vária.
Entendo que o estado da educação torna obviamente prioritária e imprescindível a medida, mas estranho este zelo num Governo que manifestamente aposta na sua milagrosa capacidade. O início do ano, como de costume, fez-se anunciar com aumentos generalizados nos bens e serviços, na sua maioria superiores a 2.1%, a taxa de inflação prevista. Entretanto, o Governo afirma que, com aumentos salariais iguais à inflação e o custo de vida com aumentos superiores, o cidadão vai recuperar poder de compra. É um milagre que torna injustificado o zelo de laicidade no nome das escolas. No entanto, se este for o caminho, então o país entrará em convulsão onomástica. O cidadão não quererá tratar-se no Hospital de Santa Maria em Lisboa ou no de Santo António no Porto. Dificilmente alguém aceitará nascer em Santa Maria dos Olivais, na ilha de São Miguel e até mesmo no Porto Santo. Trabalhar em Santa Maria da Feira ou S. João da Pesqueira está fora de questão. Chegar de comboio a uma acolhedora estação de Santa Apolónia será uma recordação. E que dizer de Vila Real de Santo António que acumula religião com monarquia? Naturalmente acabar-se-á esse resquício de religiosidade inaceitável que é a comemoração do Santo António em Lisboa e do S. João no Porto. Será ainda de pensar o que se fará ao Natal.
Haja sensatez.
PS – Também não se poderá dizer, nem a brincar, que Pinto da Costa é o Papa. A famosa expressão “santos da casa não fazem milagres” deverá ser substituída por “cidadãos da casa não fazem coisas impossíveis” e o Ministro Teixeira dos Santos passará a Teixeira das Pessoas Boazinhas que Antes se Chamavam Santos.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

RECOMEÇO

Não ...

(Foto de Leonardo Pinheiro)

Talvez ...

(Foto de Batata)