AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

BALANCEMOS POIS

Os balanços em final de ano não são coisa que me entusiasme particularmente mas fazem parte da liturgia da época. Sem a preocupação de ordenar pela importância que lhes atribuo, aqui ficam algumas notas sobre o ano da graça de 2007.
Numa época de descrença creio que merecem registo dois, pelo menos, milagres realizados pelo Governo do Grande Engenheiro. Milagre primeiro, a taxa de desemprego continuou a subir mas o Governo criou milhares de empregos. Milagre segundo, os aumentos salariais definidos são abaixo da inflação prevista mas os cidadãos vão recuperar poder de compra. Obrigado Senhor. Queria ainda agradecer a forma como o Governo conseguiu colocar o Verão em Julho e Agosto, o que me possibilitou umas idas à praia nas férias e ainda o feito de, pela sua competência e ímpeto reformista, realizar o Natal em finais de Dezembro permitindo mais um descansozinho ao cidadão. Merece ainda registo a extraordinária e prestigiante presidência da UE, que bem dificultará a vida à Eslovénia e seguintes, pois apenas o Kosovo ficou por resolver e ainda assim, já todos os interessados foram avisados de que, ou se entendem, ou o Engenheiro leva lá o menino guerreiro Santana Lopes e dá-lhes com a Dulce Pontes.
O cidadão, burro e desqualificado, não parece entender as reformas e tudo o que de bom está a ser feito. Vai daí, passa o tempo a protestar. O meu prémio, só pelo nome, vai para esse inesperado e estimulante problema chamado de linhas de muito alta tensão. Uns dizem que deve andar no ar e depois queixam-se de que anda tensão no ar. Outros querem enterrá-la, coisa que também não me parece assim muito bonita. São pobres e mal agradecidos. Não lhes ligue Senhor Primeiro-ministro. Não o entendem e não o merecem.
O País emocionou-se com a desgraça de duas crianças, Maddie e Esmeralda. Esqueceu-se de milhares de outras mas, em certas alturas, até parecia que nos preocupávamos a sério com os putos.
Um país ainda marcado pela matriz judaico-cristã no que diz respeito à família, entristeceu-se com as desavenças entre o Sr. Pinto da Costa e a D. Carolina contadas numa obra de fino recorte literário. Também é de referir um dos momentos altos do ano e que decorreu da estruturante dúvida, afinal, o homem é Engenheiro ou não?
Vamos ser qualificados à força e ainda bem. Em qualquer freguesia em que o Sr. Zé quis ter uma Nova Oportunidade para tirar o curso de padeiro, apareceu um Senhor Ministro, qualquer um, a oferecer um computador. Foi bonito e vai ser útil. Estatisticamente.
O processo Casa Pia continuou na suave vergonha em que se transformou. Continuo a pensar que os putos acabarão condenados por assédio. Em matéria de justiça, continuamos à espera. De justiça.
O meu reconhecimento aos cavaleiros da ASAE pela sua fundamentalista preocupação com o meu bem-estar. Em todo o caso não esqueçam que o povo afirma “tudo o que sabe bem, ou faz mal, ou é pecado”. Agradeço o cuidado, mas sejam sensatos e não se escondam em leis de burocratas assépticos que nos desconhecem e não sabem que a vida nem sempre cabe num tubo de ensaio ou numa norma europeia.
Na vida político-partidária, não posso deixar de registar o regresso do Menino Guerreiro, o Dr. Santana Lopes, que não começou muito bem mas espera melhorar. Os primeiros 50 anos é que são difíceis, depois aprende-se. O Dr. Menezes correu com o Dr. Marques Mendes e depois de desmantelar o PSD ameaça desmantelar o país em seis meses, se o deixarem. Foi bonito também assistir ao regresso de duas das maiores figuras do Portugal dos Pequeninos, o Dr. Bota, o poeta pimba e o Dr. Gomes da Silva mais conhecido pelo Pavlov pois sempre que ouve o menino guerreiro saliva e abana o rabo para receber umas festinhas na cabeça. O Dr. Portas parece que se esqueceu da lavoura e agora é guarda-fiscal. O Dr. Louçã e o Sr. Jerónimo continuam no contrismo, isto é, seja o que for, estou contra. É uma questão de princípio. O Dr. Jardim ainda existe mas parece estar à espera de alta.
O tratado de Lisboa não fez esquecer o tratamento que as sucessivas administrações autárquicas têm dado a Lisboa. Lisboa não merece.
O clown de serviço no Governo, o Ministro Mário Lino, teve os 15 segundos de glória com o discurso do “jamais” e do deserto sobre a questão do aeroporto que continua isso mesmo, uma questão.
Num país em séria crise económica, com o fosso entre ricos e pobres a aumentar, a Banca continuou com lucros a subir o que prova a excelência da sua gestão. A recente turbulência no BCP ajuda a perceber como.
Os seguranças da noite no Porto estão finalmente a cumprir a sua missão. Matam-se uns aos outros e a noite portuense ficará mais segura, mais Branca chamam-lhe.
Finalmente queria sublinhar o meu espectáculo político preferido. O Dr. Menezes ao ataque ao governo e o Dr. Jorge Coelho à defesa do Governo. Vão longe.
Até para o ano.

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