A peça do Público sobre o trabalho no Jardim de Infância de Seide, Vila Nova de Famalicão, é reconfortante num contexto em que as notícias positivas sobre a educação escasseiam.
Os velhos, à medida que o são,
vão olhando para trás, o futuro é mais curto e imprevisível e o que vivemos, o passado, está mais presente.
Há já uns anos atrás, em 2011, Eduardo
Lourenço numa homenagem ao arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, duas enormes figuras,
considerava-o um “jardineiro de Deus” pela sua “criação de Paraísos”.
Relacionando as duas referências
lembrei-me de outros jardineiros e jardineiras, os de miúdos.
Fröebel, uma figura importante
entre os que dedicaram a sua vida e obra aos miúdos, é considerado o inspirador
da educação pré-escolar. Na segunda metade do século XIX criou na Alemanha o
que é considerado a primeira resposta educativa estruturada destinada aos mais
pequenos. Fröebel, numa perspectiva indiciadora do seu pensamento, designou
esta instituição por "Kindergarten", "jardim de crianças",
jardim de infância ou jardim infantil como hoje são conhecidas estas
instituições.
Tal como na formulação de Eduardo
Lourenço acho muito bonita a ideia definida por Fröebel e inspiradora de muitas
das práticas desenvolvidas em educação pré-escolar, "jardinar" as
pessoas em crescimento, cuidar da qualidade do seu crescimento. Como todos hoje
reconhecemos, a qualidade dos percursos das crianças nas primeiras idades é
essencial para o seu futuro, quase tudo o que nos marca e nos fundamenta passa
por estas idades.
Deste entendimento, resulta a
importância por vezes vista de forma aligeirada do trabalho desenvolvido pelos
jardineiros e jardineiras de crianças, educadores e professores, os que, para
além dos pais, cuidam dos miúdos nos primeiros anos.
Estas jardineiros e jardineiras
não têm como função tomar conta das crianças, é por demais importante o que
realizam no trabalho diário de jardinagem, alimentam, cuidam, gostam,
conversam, brincam, ensinam, organizam, estimulam, limitam, etc., tarefas que
dão sustento às irredutíveis necessidades dos miúdos na fala de Brazelton,
outra figura maior deste universo.
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