Estamos perto dos dois meses após o arranque do ano lectivo em meados de Setembro.
O início de um ano lectivo
deveria ser a ocasião de regresso à escola para a grande maioria de
professores, funcionários, técnicos e alunos, para além, naturalmente do
retorno das rotinas familiares relativas à frequência escolar. Para um
infelizmente pequeno número de alunos e professores, terá sido, por assim
dizer, a sua “estreia” que deveria decorrer apenas com a “ansiedade” de uma
estreia.
Lamentavelmente, assim não acontece. A serenidade é um bem de primeira necessidade no trabalho educativo. No entanto, serenidade é o que menos temos nesta altura. É tempo demais sem que nada mude substancialmente.
Da gestão das políticas públicas
espera-se, exige-se, as decisões que criam as condições de serenidade e
normalidade do trabalho de alunos e professores.
Sabemos que ensinar e aprender
têm sobressaltos que são naturais nestes processos. No entanto, o que nos
preocupa, não parecem ser esses sobressaltos esperados.
Estamos num mundo às avessas.
O que temos são decisões ou falta
delas que alimentam problemas e pouco impacto têm nas soluções.
O que temos é uma carga de
burocracia que promove ineficiência e desgaste sem que o retorno justifique
minimamente o esforço e o tempo despendidos.
O que temos em muitas escolas são
climas pouco amigáveis para o trabalho educativo da comunidade.
O que temos, aliás, não temos,
são professores suficientes para as exigências da população discente. No final
da passada semana ainda existiam 1240 horários por preencher nas escolas. Em
488 agrupamentos havia pelo menos um horário por preencher e em 12 agrupamentos
havia dez ou mais, lê-se no Público.
O que temos são discursos
patéticos, ardilosos, que “martelam” a realidade desconsiderando o conhecimento
e a experiência que tanta gente possui.
O que temos são fingimentos de
“soluções” que, mais uma vez, alimentam os problemas.
Não, não está tudo mal, nem vai
correr tudo mal.
Os professores, na sua esmagadora
maioria continuam a “dar o litro” sustentados no seu sentido ético, deontológico e
competência. Os alunos tentam, na sua maioria, fazer o melhor possível e,
felizmente, serão bem-sucedidos, esperando que sucesso corresponda, de facto, a
aquisição de conhecimentos e competências.
No entanto, a realidade não
poderá ser esta, a que vivemos, mesmo que do ME venham outros retratos mais
simpáticos.
Daí este meu cansaço e desabafo.
E … vai correr bem. Ou não.
Sem comentários:
Enviar um comentário