Há pouco mais de um mês foi divulgado pelo MEC a alteração das orientações para a regulação da mobilidade estatutária de docentes tendo definido o objectivo de diminuição de cerca de 35% das situações existentes.
A iniciativa pretende combater a
escassez de professores nos grupos de recrutamento, quadros de zona pedagógica
e escolas deficitárias” e permitirá o regresso às escolas de 248 docentes dado
que a “autorização da mobilidade estatutária deve obedecer a critérios
rigorosos”.
Como escrevi na altura, dada a
latitude das possibilidades de mobilidade estatutária parece positivo um
ajustamento nessas possibilidades se pensar sobretudo na colocação de docentes
em serviços, mas, também disse que seria necessário que nas modificações introduzidas
se inscrevesse a publicitação das situações de mobilidade que não dei conta de
que tivesse acontecido.
Tal informação permitiria conhecimento
e clareza no que respeita à mobilidade.
Entretanto vai-se conhecendo o
impacto que esta medida terá se for posta prática se forma “cega”. Já soubemos
que docentes que integram as Comissões de Protecção de Crianças e Jovens regressarão às escolas e agora que docentes com funções nas Escolas de SegundaOportunidade (E20) estão a ser retirados com sério impacto no seu funcionamento.
Como na altura também escrevi, seria
importante que para além de fazer as coisas certas, importa fazer certas as
coisas.
Esta decisão coloca em sério
risco o funcionamento de duas estruturas críticas para a promoção de apoios e atenção
a crianças e jovens em situação de maior vulnerabilidade, as CPCJ e as Escolas
de Segunda Oportunidade. Não é aceitável e nem sequer resolve o problema grave
da falta de docentes. Aliás, a imprensa de hoje já se refere o arranque do próximo
ano lectivo conforme o novo normal, alunos sem professores a todas as
disciplinas.
É verdade que a questão é
complexa e de difícil resolução imediata e colocar pessoas que não são professores
a “dar (vender) aulas” é um risco. Urge o ajustamento nas políticas públicas no
sentido da promoção e valorização social e profissional dos professores em
diferentes dimensões. A valorização e reconhecimento passam também pela
necessidade de ajustamentos na formação, de modelos de carreira e de avaliação
justos e transparentes que sustentem, reconheçam e promovam competência,
empenho e atracção pela profissão.
Não vejo outro caminho.
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