Muitas vezes aqui tenho escrito sobre a chamada educação inclusiva, a última vez há poucos dias, mas hoje não o vou fazer.
Com base em recente relatório divulgado
pela Inspecção-Geral de Educação e Ciência leio no Público que:
“Das 2691 turmas com alunos
com necessidades específicas, que, no ano lectivo 2022/2023, a Inspecção-Geral
da Educação e Ciência (IGEC) analisou, quase metade (1228) não cumpria a
dimensão prevista na lei, tendo mais estudantes do que deveriam, o que pode pôr
em causa o sucesso da sua aprendizagem. E não é a primeira vez que isso
acontece.”
E que: “No ano lectivo
2022/2023, a IGEC visitou 82 escolas, onde estudavam mais de 130 mil alunos do
pré-escolar ao secundário, distribuídos por 6309 grupos e turmas. Mais de 8800
alunos (6,8% do total) têm “necessidades específicas” — o que antes se
designava necessidades educativas especiais — e que, por isso, necessitam de um
conjunto de recursos educativos particulares durante o seu percurso escolar, de
modo a facilitar o seu desenvolvimento académico, pessoal e socioemocional. Em
66,7% das escolas, estes alunos não estavam a ter acesso a todos os apoios
previstos na lei. Como resultado, quase um terço (32,6%) destas crianças/alunos
não estava integrado em grupos ou turmas reduzidas nem tinha os recursos
humanos específicos para os apoiar no seu percurso escolar.
Segundo concluiu a IGEC, mais
de um terço (35,7%) das turmas ultrapassava o limite dos 20 alunos, que é o
número fixado pela lei como sendo a referência para as turmas reduzidas no
ensino básico, onde há necessidade de integração de alunos com necessidades
específicas. Também não devem conter mais de dois alunos nestas condições,
salvo alguma excepção.”
E ainda que, “a existência de
turmas do ensino básico com mais de dois alunos cujo relatório
técnico-pedagógico identifica a necessidade de integração em turma “pode pôr em
causa o acesso ao currículo e o direito de cada um a uma educação inclusiva””.
Mais ainda, “Segundo os dados
mais recentes da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC),
no ano lectivo 2022/2023 havia 88.682 crianças e jovens nas escolas públicas da
rede do Ministério da Educação para quem tinham sido mobilizadas medidas selectivas
e/ou adicionais de suporte à aprendizagem e à inclusão. São mais cinco mil do
que no ano lectivo anterior.”
Por isso não vou falar de
educação inclusiva.
Apenas quero sublinhar que,
felizmente, muitas crianças vêem, sentem, crescem, aprendem, desenvolvem-se com
base no cumprimento do seu direito à educação, mas outras muitas, em número
demasiado elevado, não parentes pobres no cumprimento desse direito.
Como disse quando comecei, não escrevi
sobre educação inclusiva, acho que já não sei o que é.
Sem comentários:
Enviar um comentário