De acordo com a tradição naquela família, ao fim da noite de Natal chegava o momento mais aguardado, a abertura dos presentes que estavam ao pé da árvore de Natal.
Como também era habitual e devido
à impaciência da espera os mais novos eram sempre os primeiros.
Assim, o Francisco, com a
autoridade dos seus dez anos, começou ansiosamente a desembrulhar os muitos
presentes que lhe estavam destinados. A cada um a euforia aumentava. Ficou
delirante com o telemóvel e a consola nova que os pais lhe ofereceram e não fosse
a vontade de conhecer o resto das prendas já não largaria os novos companheiros
o resto da noite.
Recebeu ainda um portátil mais
pequeno e mais recente do que já tinha, uma série de videojogos já adaptados à
nova consola e uns fones de última geração.
O Francisco estava
verdadeiramente nas nuvens ou, por assim dizer, completamente submerso pelo
espírito natalício.
Por fim, apenas restava por abrir
o presente do Avô Velho, um embrulho pequeno e discreto. O Francisco, com a
agitação ao alto, abriu-o e mostrou um caderninho de capa dura e bege que tinha
escrito na capa com a letra certinha e redonda do Avô Velho "As minhas
histórias". O Francisco deitou-lhe um olhar rápido e pousou-o num canto
onde ficou o resto da noite.
Quando toda a gente se foi deitar
o Avô Velho ficou mais um pouco na sala e percebeu que já não era deste mundo.
Devagarinho, para não acordar
ninguém, enfiou-se pela chaminé e partiu.
Bom Natal.
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