AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

UM NOVO ANO LECTIVO QUE TALVEZ NÃO SEJA ASSIM TÃO NOVO

 O início de um ano lectivo deveria ser a ocasião de regresso à escola para a grande maioria de professores, funcionários, técnicos e alunos, para além, naturalmente do retorno das rotinas familiares relativas à frequência escolar. Para um infelizmente pequeno número de alunos e professores, será, por assim dizer, a sua estreia” que deveria decorrer apenas com a “ansiedade” de uma estreia.

Lamentavelmente, assim não acontece. A serenidade é um bem de primeira necessidade no trabalho educativo. No entanto, continua a ser um bem escasso.

É tempo demais sem que nada mude substancialmente.

Da gestão das políticas públicas espera-se, exige-se, as decisões que criam as condições de serenidade e normalidade do trabalho de alunos e professores.

Sabemos que ensinar e aprender têm sobressaltos, são naturais nestes processos. No entanto, o que nos preocupa, não parecem ser esses sobressaltos esperados.

Estamos num mundo às avessas.

O que temos são decisões ou falta delas que alimentam problemas e pouco impacto têm nas soluções. Sabemos que muitos problemas não são de fácil ou imediata resolução, cresceram de mais por negligência ou incompetência, mas importa definição de um rumo consistente e sustentado.

O que temos é uma carga de burocracia que promove ineficiência e desgaste sem que o retorno justifique minimamente o esforço e o tempo despendidos.

O que temos em muitas escolas são climas institucionais pouco amigáveis para o trabalho educativo da comunidade escolar.

O que temos em muitas escola e agrupamentos são problemas sérios de governança que alimentam mal-estar e cansaço dos profissionais.

O que temos, aliás, não temos, são professores suficientes para as exigências e necessidades da população discente.

O que temos são discursos patéticos, ardilosos, que “martelam” a realidade desconsiderando o conhecimento e a experiência que tanta gente possui.

O que temos são fingimentos de “soluções” que, mais uma vez, alimentam os problemas.

Não, não está tudo mal, nem vai correr tudo mal.

Os professores, na sua esmagadora maioria vão “dar o litro” sustentados no seu sentido ético, deontológico e competência. Os alunos vão tentar, na sua maioria, fazer o melhor possível e, felizmente, serão bem-sucedidos, esperando que sucesso corresponda, de facto, a aquisição de conhecimentos e competências.

No entanto, a realidade não poderá ser esta, a que vivemos, mesmo que do MECI venham retratos mais simpáticos.

Daí este meu cansaço e desabafo.

E … vai correr bem. Ou não.

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