AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 25 de agosto de 2024

AGORA NO SUPERIOR, BOA VIAGEM

 

Foram divulgados os resultados da candidatura ao acesso ao ensino superior num ano em que em que se regista um ligeiro abaixamento número de candidatos. Foram colocados quase 50 000 candidatos, uma taxa de colocação, 85,7%, um pouco mais alta que em 2023.

Nesta fase, 56,1% dos alunos foram colocados na primeira opção e 87,8% numa das três primeiras escolhas.

Uma nota positiva para sublinhar a continuação da subida, 8%, do número de alunos colocados nas licenciaturas em Educação Básica que permitem o acesso aos mestrados em ensino para o 1.º e 2.º ciclos.

Uma nota preocupante para a descida do número de alunos carenciados colocados nesta fase, de 2800 em 2023 para 1655. Como é conhecido, a frequência do superior é cara, sobretudo quando obriga a deslocação e procura de alojamento. Mantém-se um quadro de desigualdade de oportunidades no acesso à formação de nível superior.

A colocação e as escolhas de curso assentam, naturalmente, nas motivações dos candidatos e das suas expectativas face ao futuro e nos constrangimentos e enviesamentos da oferta. Para os alunos não colocados nas primeiras escolhas teremos um risco acrescido de frustração que pode levar à desistência e desmotivação, esperemos que corra bem.

Umas notas breves em linha com o que aqui já tenho escrito.

Sou dos que entendem que cada um de nós deve poder escrever, tanto quanto as circunstâncias o permitirem, a sua narrativa, cumprir o seu sonho. Por outro lado, a vida também nos ensina que é preciso estar atento aos contextos e às condições que os influenciam, sabendo ainda a volatilidade e rapidez com que neste tempo a vida acontece.

Assim, parece-me importante que um jovem, sabendo o que a sua escolha representa, ou pode representar nas actuais, sublinho actuais, condições do mercado de trabalho, faça a sua escolha assente na sua motivação ou no projecto de vida que gostava de viver e, então, informar-se sobre opções, sobre as escolas e respectivos níveis de qualidade.

Por outro lado, é esta questão que quero sublinhar, boa parte da questão da empregabilidade, mesmo em situações de maior constrangimento, relativiza-se à competência, este é o ponto fulcral e não pode, não deve, ser esquecido.

Na verdade, o que frequentemente me inquieta é a ligeireza com que algumas pessoas parecem encarar a sua formação superior, assumindo uma atitude pouco "profissional", cumprem-se os serviços mínimos e depois logo se vê. Têm sido mediatizados casos que elucidam este entendimento, a formação significa a aquisição de um sólido conjunto de saberes e competências, não é um título que se cola ao nome. A experiência faz-me contactar regularmente com atitudes desta natureza.

Mesmo em áreas de mais baixa empregabilidade, ou assim entendida, continuo a acreditar que, apesar dos maus exemplos que todos conhecemos, a competência e a qualidade da formação e preparação para o desempenho profissional, são a melhor ferramenta para entrar nesse "longínquo" mercado de trabalho. Dito de outra maneira, maus profissionais terão sempre mais dificuldades, esteja o mercado mais aberto ou mais fechado.

Assim sendo, importa que o investimento, a preocupação com a aprendizagem e a aquisição de conhecimentos, competências e de princípios éticos e deontológicos se estabeleçam como desígnio. Este entendimento pode e deve coexistir com o desenvolvimento de uma vida académica socialmente rica, divertida e fonte de bem-estar e satisfação. É desejável resistir à tentação do facilitismo, do passar não importa como, da fraude académica que constitui actualmente uma séria preocupação, da competição desenfreada que inibem partilha, cooperação e apoio para momentos menos bons.

O futuro vai começar dentro de momentos.

Boa sorte e boa viagem para todos os que vão iniciar agora esta fase fundamental nas suas vidas.

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