João Costa, ex-ministro da Educação, foi escolhido para a liderança da European Agency for Special Needs and Inclusive Education, criada em 1996 e que até 2014 tinha a designação European Agency for Development in Special Needs Education.
Depois de António Costa e enquanto se aguarda a ida de Diogo Costa, o homem dos penáltis do nosso contentamento, para um grande clube europeu, é João Costa a assumir uma função de relevo no contexto europeu.
Parece-me a escolha acertada e leva-me
a umas notas que radicam numa ligação a este universo que começou em 1977, há quase 50 anos.
Em Abril de 2022 foi divulgado
pela OCDE o trabalho, “Review of Inclusive Education in Portugal” que, com base
numa análise a seis agrupamentos e a que na altura fiz referência, encontrou
“um ambiente genuinamente inclusivo” e em linha com a apreciação de que a
legislação portuguesa relativa à promoção de educação inclusiva é “das mais
abrangentes dos países da OCDE. É verdade que pensei naqueles agrupamentos e
escolas onde tudo vai bem, muito bem. Só lamento pelos outros.
Recupero ainda que no 2.º
Encontro Nacional de Autonomia e Flexibilidade Curricular realizado em Abril de
2022, Amapola Alama, especialista da UNESCO, afirmou, "Vocês são o
'Rolls-Royce' dos sistemas de educação. Estão entre os 40 países de topo no
mundo da educação". É bonito e gosto da imagem.
Também é verdade que se, felizmente,
muitos alunos andarão no “Rolls Royce”, muitos outros andam de bicicleta ou a
pé, mas será, provavelmente, por razões ambientais.
É também verdade que, apesar das
mudanças e como sabem muitos professores, direcções escolares, técnicos, pais e
alunos, existe um lado B da chamada educação inclusiva como diferentes estudos
e relatórios evidenciam, por exemplo por parte da IGEC, que transforma com demasiada frequência inclusão
e integração em “entregação”. Mas como se sabe, os problemas concretos, são sempre menos considerados, não cabem na retórica.
Por outro lado, a Agência
Europeia, não define directivas, define princípios e recomendações que poderão
informar as políticas nacionais e com este quadro de atribuições João Costa
cumprirá certamente e com brilho a função.
Talvez até venha a acontecer que,
mais uma vez, a Agência ajuste o nome, abandonando a obsoleta designação de “necessidades
especiais” e introduza a referência mais inclusiva a alunos "universais", "selectivos" e "adicionais".
Bom trabalho, Professor João
Costa.
Permita-me discordar caro Zé Morgado.
ResponderEliminarEm relação à inclusão escolar o João Costa fez o quê? Permitiu a aplicação do enunciado no DL 54? É isso? A falta de apoios específicos para os alunos que deles precisam deve ser festejada? Que integração ganham os alunos em permanecerem numa aula sem perceberem nada do que se ali está a passar? Nesse tempo não deveriam experimentar atividades educativas que lhes garantissem a aquisição de competências?
Sim acredito que nesta nova função João Costa terá sucesso porque, conforme o Zé diz "a Agência Europeia, não define diretivas". O João Costa é muito bom nisso, em reclamar "lugares-comuns". E sim, também, no caso de João Costa conseguir ajustar o nome da Agência, como diz, "abandonando a obsoleta designação de “necessidades especiais”, irá ser, absolutamente, um marco importante na vida daqueles que necessitam de apoio.
Cumprimentos.
Concordo totalmente.
EliminarEsta educação inclusiva é mais "exclusiva" do que quando nem se falava disto
Olá Rui, obrigado pelo comentário. Na verdade estamos de acordo, utilizei um registo irónico e por isso lhe chamei "escolha acertada". Aliás, no que cita do meu texto está implícita uma forte crítica ao que se tem chamado de inclusão que eu referi como "entregação", os alunos não estão incluídos ou integrados, mas "entregados. Boas férias.
ResponderEliminarCaro Zé Morgado,
ResponderEliminarSe assim é peço perdão. Estou de tal forma embrutecido que nem a ironia consigo detetar.
Estamos, pois, de acordo.
Cumprimentos.
Eu discordo do tom irónico, que rasa a acrimónia pessoal e o desrespeito. Claro que há muito por fazer, mas foram dados passos muito importantes em Portugal. Conheço bem as realidades de Espanha e da Alemanha e orgulho-me dos últimos anos e da evolução feita aqui com o trabalho do ex-ministro.
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