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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

AS DIFICULDADES DE ALUNOS SOBREDOTADOS

No Público encontra-se uma peça extensa e elucidativa sobre as dificuldades que muitas crianças com sobredotação experimentam na educação escolar e algumas iniciativas que são desenvolvidas no sentido de as minimizar ou ultrapassar no âmbito do Projecto Investir na Capacidade desenvolvido pela Associação Portuguesa de Crianças Sobredotadas.

Segundo a Associação estima-se que exista entre 3% a 5% de alunos com sobredotação importando identificar as situações e devolver dispositivos mais eficientes e suficientes para o apoio a alunos, professores e pais. É consensual que as respostas e o conhecimento das situações não são suficientes como também não o são face a outras problemáticas relativas à diversidade entre os alunos. Nada de novo portanto, lamentavelmente.

No caso mais particular das crianças sobredotadas acrescem algumas outras questões. Em primeiro lugar a dificuldade em avaliar este tipo de situações e alguma falta de informação e conhecimento genérico sobre esta matéria. Em muitas situações, conheci algumas, os comportamentos e o funcionamento das crianças e até mesmo as dificuldades escolares experimentadas por algumas eram considerados consequência das mais variadas razões e raramente relacionadas com um quadro de sobredotação.

Acontece ainda que com alguma frequência se estabelece o enorme equívoco de que "se a criança é sobredotada não precisará de apoio", sendo que o próprio Ministério da Educação assim considerou durante muito tempo como pude testemunhar em diversas circunstâncias. Actualmente e como se refere na peça o ME remete para os dispositivos enquadrados pelo inevitável Regime Jurídico da Educação Inclusiva para que considerando outra inevitabilidade, a Autonomia e Flexibilidade Curricular, se desenham respostas para estes alunos.

O problema é que, na verdade, as crianças e adolescentes com sobredotação podem experimentar enormes dificuldades no seu percurso educativo a que as escolas dificilmente conseguem responder de forma eficaz, tal como têm dificuldade em assegurar respostas eficazes e com os recursos necessários a outros grupos de alunos. A realidade, quase sempre, atrapalha o discurso do ME.

Sem ser um especialista nesta área, a sobredotação, entendo que a única forma de responder à diferença entre os alunos é diferenciando o trabalho educativo, diferenciando as respostas educativas, construir, de facto, modelos curriculares de natureza mais aberta e flexível tal como definir dispositivos de avaliação também com algum nível de diferenciação e, finalmente ter modelos de autonomia e organização escolar reais bem como dispositivos de apoio competentes e suficientes.

Este cenário, enunciado a propósito dos alunos sobredotados, é a melhor forma de acomodar as diferenças entre os alunos, qualquer que seja a sua expressão, e promover, de facto, uma educação inclusiva que idealmente não deixe ninguém para trás. 

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