AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

PISA 2022 (1)

 Aguardava-se com alguma expectativa a divulgação dos resultados do PISA (Programme for International Student Assessment) relativos a 2022.

Não me parece surpreendente que, à semelhança do que se verificou em muitos países, os resultados dos alunos portugueses baixaram significativamente a Matemática e Leitura e menos a Ciências. Em Portugal participaram 6793 alunos de 224 escolas.

O conjunto vasto de resultados merece reflexão mais alargada. Numa primeira apreciação, importa considerar que em muitos países também se verificou um abaixamento dos resultados, pelo que apesar da queda significativa em Matemática e Leitura, os resultados dos alunos portugueses estão dentro da média da OCDE.

Apesar de se poder atribuir este abaixamento a efeitos da pandemia, verifica-se que os resultados em muitos países já vinham em queda e em Portugal, tal como noutros países, os dados recolhidos com alunos e professores, referem dificuldades nos apoios, falta de qualificação adequada em alguns professores (verificada num quadro de falta de docentes).

Uma nota para sublinhar como estes dados parecem claramente contraditórios com os dados da avaliação interna, traduzida nos percursos de sucesso, tal como já se verificava e aqui tenho abordado, com os resultados dos exames nacionais e das provas de aferição.

Sendo certo que o dispositivo de avaliação do PISA não é igual à avaliação de conhecimentos nas escolas ou realizados pelo IAVE, importa considerar e volto a insistir que a qualidade promove-se, é certo e deve sublinhar-se, com a avaliação rigorosa e regular das aprendizagens e com regulação externa, sim, naturalmente, mas também com a avaliação justa e competente do trabalho dos professores e das escolas, com a definição de currículos adequados, com a estruturação de dispositivos de apoio a alunos e professores eficazes e suficientes, com a definição de políticas educativas que sustentem um quadro normativo simples e coerente e modelos adequados e reais de autonomia, organização e funcionamento desburocratizado das escolas, com a definição de objectivos de curto e médio prazo, etc.

É o que não estamos a conseguir fazer acontecer de forma consistente, generalizada e sustentada em Portugal, apesar da imensidade de projectos, iniciativas, inovação, actividades que, demasiadas vezes chegam do exterior às escolas, podem ser interessantes … mas não são mágicos, por mais que num exercício de "wishful thinking" os queiramos entender e vender como tal.

Voltaremos ao PISA 2022.

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