AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

O TEMPO DA AZEITONA

 Iniciámos hoje a época da azeitona aqui no Monte. O lagar já abriu e é preciso começar a entregar. Este ano a produção parece “escapatória”, como diria o Mestre Zé Marrafa se estivesse aqui connosco. As últimas chuvadas vieram a ajudar a engrossar a azeitona e a manter-se mais firme nas árvores. Vamos ter ainda uns dias de lida até darmos conta do recado. Falo no plural, mas desta vez e com tristeza estou de fora, os parafusos da coluna não rimam com as tarefas de apanhar azeitona.

A apanha da azeitona pelo método tradicional é coisa brava e está uma ventaneira que até obriga a fixar os panos com umas pedras para não voarem.

Felizmente, conto com a ajuda preciosa do Valter e do Diogo, gente vontadeira e sabedora que varejam, apanham, carregam e entregam a azeitona do lagar. Contem comigo no próximo ano.

Passa-se algum tempo de espera lagar passa-se nas lérias, claro, e os temas de conversa vão surgindo, mas quase sempre, não podia deixar de ser, andam à volta dos enleios e das molengas em que a vida da gente se transformou e da dificuldade de encontrar quem ajude na apanha.

Acho que só lá para o fim de Janeiro, quando voltar ao lagar para buscar o azeite, com o ambiente quentinho das enormes salamandras que impede o azeite de coalhar e o cheirinho inconfundível do azeite novo é que me vou esquecer das agruras da apanha da azeitona.

Já estou desejando o próximo ano para que eu possa voltar a colaborar na lida. Espero.

São também assim os dias do Alentejo.

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