Ao que li no JN o Governo italiano decidiu proibir a utilização de telemóveis nas salas de aula com excepção de actividades de aprendizagem. A medida envolve alunos e professores e mereceu a concordância da Associação Nacional de Directores. No entanto, não existem dispositivos de sanção disciplinar, pretende-se estimular a auto-regulação do uso.
Também em França, em Singapura,
em algumas regiões de Espanha, entre outras situações se verifica esta proibição.
No entanto, ainda que se possam
compreender as razões que sustentam as proibições, o uso excessivo e
desregulado, estamos a falar das salas de aula, as decisões de proibição não
parecem ser consensuais.
Não tenho nenhuma convicção que
esta estratégia de proibição devolva crianças e adolescentes à interacção pessoal e a outros hábitos comportamentais mais in teressantes embora, obviamente, seja imprescindível a regulação do seu uso.
A questão estará a montante, a
utilização que nós todos damos a estes dispositivos. Seria bastante mais
interessante que se discutisse a sério nas comunidades educativas a regulação
dos comportamentos e definição de regras e limites, sem “superpais”, sem “superfilhos”
ou “superprofessores”. No entanto, esta discussão tem de ser acompanhada pela
nossa, adultos e profissionais, regulação da sua utilização. Se olharmos para
muitas famílias em “convívio” ou para muitos contextos profissionais em
“reunião” verificaremos os ecrãs que muitos terão à sua frente e perceberemos o
que está por fazer, comportamento gera comportamento.
Apesar de bem-intencionada a
decisão de proibição. Ainda que no caso italiano se não definam a aplicação de
sanções, não me parece eficaz e, mais do que isso, poderá levantar novos
problemas, de conflitualidade por exemplo.
Tenho alguma curiosidade sobre a
apreciação que nas nossas comunidades escolares se faria da medida e do seu
potencial de eficácia.
Caro José Morgado,
ResponderEliminarProibiu e proibiu bem. Essa coisa de “… a utilização que nós todos damos a estes dispositivos” é que importa discutir não serve, nem nunca servirá, a todo o universo da população escolar, daí ter que se tomar medidas e sem ter que ficar amedrontado. O que não pudemos continuar a fazer é pactuar com esta coisa que tolhe a atenção para o estudo.
Nas nossas escolas também é proibido o seu uso sem a devida autorização. Aliás, a redação encontrada em sede de EAEE é bem esclarecedora, “Não utilizar quaisquer equipamentos tecnológicos, designadamente, telemóveis, equipamentos, programas ou aplicações informáticas, nos locais onde decorram aulas ou outras atividades formativas ou reuniões de órgãos ou estruturas da escola em que participe, exceto quando a utilização de qualquer dos meios acima referidos esteja diretamente relacionada com as atividades a desenvolver e seja expressamente autorizada pelo professor ou pelo responsável pela direção ou supervisão dos trabalhos ou atividades em curso”.
Nem precisamos de alterar nada porque esta serve muito bem. Só há um pequeno problema, a sua aplicação. Problema comum numa República das Bananas.
Bom Ano.