AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 23 de agosto de 2022

MESTRE ZÉ, NÃO SE ESQUEÇA DO QUE COMBINÁMOS

 Quem por aqui vai passando já se cruzou com o Mestre Zé Marrafa. É a nossa ajuda na lida no monte e na companhia há quase trinta anos, neste últimos já com a ajuda do Valter. O Mestre Zé está a passar mal, o enorme coração que ele tem traiu-o e vamos ver como vai ser, mas está difícil, ele que sempre me respondia que estava “rijo”.

Hoje tenho-me lembrado muito dele, das lérias, da história de vida, da mestria sobre o campo e sobre o mundo que sempre foi o dele e, inevitavelmente, recordo que já vai um pouco para além dos oitenta, mas estava com a gente na lida, o Mestre Zé é um homem vontadeiro, um dos muitos termos que aprendi com ele.

O Mestre Zé diria que não tem nada ver com a idade. Lembro-me de uma vez, num dia quente como este, ele se queixar de uma dor no joelho. Sem saber como ajudar e para me meter com ele fiz aquele comentário inteligente e habitual em situações em que a queixa provém de alguém já com uma estrada longa, por assim dizer, "é da idade Mestre Zé"

O Velho Marrafa olhou para mim e no seu jeito de sempre decretou:

“Não Sô Zé, isto não é da idade, o outro joelho não me dói e eles são os dois da mesma idade”.

É isso Mestre Zé, tem de voltar. Lembre-se que combinámos fazer o primeiro descortiçamento a uns sobreiros que plantámos em 2011 e que demora 25 anos. Faltam 14 anos, você terá 96 e eu 82. E nunca deixámos uma promessa por cumprir.

Até logo Mestre Zé e ponha-se bem.

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