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sexta-feira, 17 de junho de 2022

NOTÍCIAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA ... E DA OUTRA

 A Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e da Ciência divulgou os “resultados do “Questionário à Educação Inclusiva 2020/2021”, relativos às medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão, aos recursos humanos e organizacionais específicos e aos recursos existentes na comunidade passíveis de serem mobilizados para responder às necessidades educativas de crianças e alunos ao longo do seu percurso escolar, em escolas da rede pública”.

O Inquérito investigou cinco questões tidas como fundamentais:

. Quais as medidas de apoio à aprendizagem e à inclusão que foram mobilizadas pelas escolas, no âmbito do Relatório Técnico-Pedagógico?

. Que outros recursos de apoio à aprendizagem e à inclusão são definidos nos Relatórios Técnico-Pedagógicos para operacionalizar as medidas selectivas e/ou adicionais?

. Qual a evolução dos percursos escolares dos alunos para quem foram mobilizadas medidas selectivas e/ou adicionais de suporte à aprendizagem e à inclusão?

. Como se encontram organizados os recursos específicos de apoio à aprendizagem e à inclusão nas escolas?

. Quais as parcerias estabelecidas pelas escolas com instituições da comunidade educativa?

A informação disponibilizada é extensa e merece leitura atenta. No entanto, uma abordagem rápida fez-me atentar num quadro comparativo da evolução dos percursos escolares dos alunos para os quais foram mobilizadas medidas selectivas e/ou adicionais de suporte à aprendizagem e à inclusão com os dados globais.

 

O quadro mostra uma grande proximidade entre os dois indicadores para cada ciclo do ensino básico sendo que no secundário taxa de transição/conclusão é superior junto dos alunos para quem as medidas selectivas e/ou adicionais foram mobilizadas.

Aparentemente, esta proximidade significará um sucesso robusto da intervenção desenvolvida no apoio a alunos com mais dificuldades em linha com o discurso habitual do ME. A questão é que os resultados divulgados pelo IAVE também há pouco tempo relativos às provas de aferição de 2021 evidenciaram significativas fragilidades no desempenho e competências dos alunos apesar das taxas de conclusão e transição elevadas. Recordemos alguns dados.

No 2º ano, na prova de aferição de Português e Estudo de Meio, apenas 7,8% dos alunos responderam de forma completamente correcta, isto é, “apresentaram uma explicação fundamentada, analisando as ideias e construindo um raciocínio”. Na “análise e avaliação do conteúdo” de um texto, a percentagem média de respostas correctas situou-se nos 19%.

Em Matemática os alunos do 2º e do 8º evidenciam dificuldades persistente na “resolução de problemas”.

Em termos gerais, no 2º apenas em dois domínios, Oralidade em Português e Tecnologia em Estudo do Meio, se verificou que a maioria de alunos resolveu as questões colocadas.

No 5.º e no 8.º ano o cenário foi mais negativo, a percentagem de alunos que respondeu sem dificuldades, variou, conforme os domínios em avaliação, entre 2,7% e 44,2%, sendo que na maioria dos domínios analisados ficou abaixo dos 20%.

Conjugando estes dados que significam, de facto, os indicadores relativos à generalidade dos alunos, mas também aos alunos envolvidos em dispositivos de apoio? Passagem de ano e estatísticas simpáticas? Aquisição de conhecimentos e competências?

Preferia não ter estas dúvidas ou estar equivocado na análise, mas insistirei numa leitura mais aprofundada. 

PS - Talvez já vá sendo tempo de não insistir no uso da designação "educação inclusiva" para referir a educação dos alunos que têm algum tipo de dificuldade e que se encaixam nas novas "categorias", os "universais", os "selectivos" e os "adicionais" criadas pelo DL 54. 

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